Repúdio à chacina de seis pessoas em SP

D. Odilo Scherer

Em nome da Arquidiocese de São Paulo, lamento e manifesto minha preocupação por mais uma chacina, ocorrida na zona norte da cidade na madrugada desta terça-feira, dia 11 de maio, e que ceifou brutalmente a vida de seis moradores de rua. Manifesto o meu repúdio mais veemente a este ato de violência contra a dignidade da pessoa e sua vida.

Este ato criminoso soma-se a tantos outros semelhantes, ocorridos recentemente em São Paulo e em outras cidades do Brasil. Infelizmente, a falta de esclarecimento de uma ação criminosa pode contribuir para o surgimento de outra semelhantes, por deixar no ar certa presunção de impunidade. Confio na ação pronta e eficaz das Autoridades competentes para que esta nova chacina seja esclarecida, os culpados prestem contas à justiça e sejam punidos no rigor da lei.

A ocasião é oportuna para uma reflexão sobre a situação de fragilidade e de risco a que estão expostas as pessoas que usam as ruas da cidade como moradia. Além de toda a precariedade de sua condição em relação à alimentação, saúde, moradia e segurança, os moradores de rua também vivem numa situação de grave vulnerabilidade social, expostas ao assédio do mundo das drogas e do crime organizado.

São necessárias, pois, políticas públicas específicas e eficazes, voltadas para esta parcela da população de São Paulo. Como pode nossa cidade conviver distraidamente com um problema social tão grave?! Não é questão que possa ser resolvida apenas mediante ações da Segurança Pública, ou da Assistência Social; ela demanda igualmente a gestão do trabalho, da moradia, da saúde e da educação.

Faço minha a dor dos familiares e parentes das vítimas e rogo a Deus pelo seu conforto. Faço também votos que ações preventivas de Segurança Pública, bem como uma metodologia eficaz de integração social dos moradores de rua possam contribuir para que não se repitam no futuro ações de criminalidade, que envergonham nossa sociedade e colocam de joelhos até mesmo o Estado diante da lógica da violência, incapaz de assegurar a proteção da pessoa e a aplicação da justiça.

Santo Antônio de Santana Galvão, que viveu nesta cidade, amou-a e serviu aos pobres e desassistidos, interceda por nossa cidade e seja para todos os seus habitantes exemplo e estímulo na construção de um convívio social solidário e pacífico.

Um Comentário

  1. Octavio L.F.Leo
    maio 22, 2010 @ 22:36:57

    Lamentável, triste mais um caso desses em nossa cidade. O ser humano, aquele já excluído por nós, agora não consegue viver nem nas ruas. Mais uma vez o poder público tem a obrigação de investigar e informar o que aconteceu e punir na forma da lei os culpados por esse massacre. E que a nossa mídia (escrita, falada e televisiva) faça o seu verdadeiro papel que é o de ajudar a cobrar uma resposta das autoridades, como faz quando algum outro interesse político ou economico fala mais forte. Rezemos pela paz e segurança desses nossos irmãos que vivem nas ruas sombrias de uma cidade cada vez mais fria e insensível.