Seu túmulo foi aberto: se quiser, pode sair de dentro dele

Pe. Paulo Cezar Mazzi

Estamos caminhando para a celebração da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. Mais do que recordar esses acontecimentos, se trata de perceber a repercussão deles em nossa vida hoje. A celebração da Ceia, na quinta-feira santa, atualiza-se para nós nessas palavras de Jesus: Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo (Ap 3,20). A celebração da Paixão, na sexta-feira santa, convida-nos a fazer nossas as palavras de Paulo: Minha vida presente na carne eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou a si mesmo por mim (Gl 2,20). As celebrações da Vigília Pascal e do Domingo de Páscoa, nos recordam que pelo batismo nós fomos sepultados com ele na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós caminhemos numa vida nova (Rm 6,4). 

Páscoa significa passagem. Para que haja uma passagem, é preciso que exista uma abertura. No momento em que Jesus morreu, os túmulos se abriram e muitos corpos dos santos falecidos ressuscitaram (Mt 27,52). Essa imagem pascal precisa falar ao nosso coração: nós não estamos fechados para sempre em nenhum túmulo. Nossos túmulos foram abertos por Jesus. Se quisermos, podemos sair de dentro deles e fazer a nossa passagem cotidiana da morte para a vida.

A questão é: queremos sair de dentro dos nossos túmulos? É verdade que algumas situações nos jogam temporariamente dentro de um túmulo, como a notícia de uma doença, o fim de um relacionamento, a separação de alguém querido, o enfrentamento de um problema etc. Diante dessas situações, sentimos a necessidade de nos recolher para concentrar as nossas energias no lidar com a dificuldade surgida. Mas também é verdade que nós podemos nos habituar com nossos túmulos e passar a viver dentro deles.

Quantas pessoas você conhece que se habituaram a viver enterradas no túmulo do ressentimento, da mágoa, da falta de perdão? Quantas pessoas passaram a acreditar que viver enterradas na mentira compensa mais do que sair do túmulo e confrontar-se com a própria verdade? Quanto maior o nosso medo, a nossa preguiça, a nossa falta de fé e de disposição em lutar, mais nos acostumamos a viver dentro dos nossos túmulos. Por isso, mesmo que eles tenham sido abertos por Jesus, podemos estranhamente escolher não sair de dentro deles, não viver como ressuscitados, mas sobreviver como moribundos.

Nunca é demais lembrar que aquilo que nos empurra para dentro dos nossos túmulos não é o que nos acontece, mas a maneira como lidamos com aquilo que nos acontece. Por isso, ao invés de você se jogar nos braços da passividade e do pessimismo, arrumando mil e uma desculpas para justificar a sua permanência dentro de seu túmulo, procure perceber se a maneira como você lida com aquilo que te acontece é correta, se te ajuda a sair ou a entrar mais ainda no buraco escuro do seu túmulo.

Antes dos túmulos se abrirem e os mortos ressuscitarem, no momento em que Jesus morreu, o véu do Santuário (céu) se rasgou em duas partes, de cima a baixo, a terra tremeu e as rochas se fenderam (Mt 27,51). Se Deus permite que algum acontecimento faça o chão sob os nossos pés tremer e as rochas da nossa segurança se fenderem, isso tem um lado positivo: é para nos sacudir, para nos despertar do sono da morte, para nos fazer voltar à vida, para nos dar um choque de realidade, numa palavra: para nos convidar a deixar os nossos túmulos e voltar a sentir o desejo de viver uma vida mais autêntica.

Essa é a mensagem da Páscoa de Jesus Cristo para cada um de nós: nosso túmulo foi aberto; nós podemos sair de dentro dele se quisermos.

2 Comentários

  1. MARIA APARECIDA - JFA
    abr 14, 2011 @ 11:07:27

    Ótima reflexão pe, por piores que sejam as situações que passamos, não devemos perder o foco em Jesus que sofreu muito por nós. Que possamos sair dos nossos túmulos e seguir Jesus para não morrer jamais. Um grande abraço!

  2. Teresa Norma
    abr 14, 2011 @ 11:57:13

    Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo que tantas vezes abriu meus tumulos e teve paciencia de esperar até eu conseguir sair e caminhar
    Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo que nos deu a vida eterna e que nos ensinou a chamar Deus de Pai e a orar com tanta intimidade: Pai Nosso…