Ser ou não ser

Ser contra o aborto, posição assumida pela Igreja e por todos os seus sacerdotes como dever de ofício e convicção profunda da fé não nos autoriza a destruir aqueles que assim não se posicionam, pois se assim agíssemos estaríamos sendo contra os próprios princípios éticos e morais que fundamentam nossa posição.

Os princípios filosóficos e teológicos que alicerçam nossa crença de que a vida vem em primeiro lugar, que Deus é o autor da Vida e seu defensor, que Deus protege, ampara os pequenos, indefesos e excluídos, que a vida é inviolável e de que devemos testemunhar seu valor e defendê-la com a própria vida se necessário for, assim como fez Jesus, são os mesmos fundamentos que nos levam a buscar incessantemente a verdade, a superação da corrupção, da mentira, da impostura, do autoritarismo e da truculência que oprime e tortura.

Ser contra o aborto é também ser contra o machismo autoritário que quer submeter a mulher e tratá-la como objeto de luxo, prazer ou decoração silenciosa.

A Igreja que se posiciona contra o aborto é a mesma que trabalha pela ética na política, que conseguiu a lei 9840 contra a corrupção eleitoral, é a mesma contra a pena de morte e a eutanásia, é a mesma contra o estupro e a mesma pela dignidade da mulher e sua valorização na sociedade.

Ser ou não ser exige coerência de vida, conseqüência de palavras e atos, retidão de consciência diante de Deus e dos irmãos e irmãs, história na defesa da vida desde a concepção.

Ser contra o aborto não é um discurso político, uma bandeira de conveniência, um uso eleitoral; ser contra o aborto é também cuidar como faz a Igreja dos doentes de Aids, dos doentes de hanseníase, das pessoas especiais, dos deficientes físicos e mentais, do povo da rua e das pessoas difíceis e diferentes, todos aqueles que a sociedade quer evitar como que em um aborto social e político que expulsa da convivência humana aqueles que não são capazes de viver sem amparo e proteção.

Ser ou não ser contra o aborto não é um discurso, uma pose, uma forma de agressão; é se colocar pequeno diante de Deus, com humildade de coração e fazer de sua vida uma oblação.

Pe. Júlio Lancellotti

2 Comentários

  1. Tatiana Capille Salles
    fev 02, 2009 @ 20:34:54

    Olá.

    Se lembrarmos dos 10 mandamentos – ” Não matarás . ” , entendo e fui criada com o preceito de que ” não devemos matar ” e ponto final, independente do caso ou ciscuntância,. Não ao aborto !

    abraços
    Tatiana Capille Salles

  2. Tatiana Capille Salles
    fev 05, 2009 @ 10:34:01

    ops
    circunstância …