Campo e cidade se unem em apoio ao MST

“Malditas sejam todas as cercas”

Mãos dadas e palavras de ordem. Mais de 350 trabalhadores do campo e da cidade que se utilizaram da “casa do povo” para gritar. Gritar para que parlamentares do Congresso Nacional ouçam a voz de quem não agüenta mais ser criminalizado pelas lutas em busca de justiça social, mas que nunca vão se dar por vencidos diante da ofensiva articulada pelos meios de comunicação e os setores mais conservadores do parlamento e o Judiciário.

Foi dessa forma que terminou o Ato em defesa da Reforma Agrária, da Agricultura familiar e Camponesa e da Democracia, organizado pelo Fórum Nacional pela Reforma Agrária e realizado na terça-feira (10/11), na Câmara dos Deputados. O auditório Nereu Ramos foi o espaço em que se selou a união entre os trabalhadores do campo e da cidade frente a mais um ataque contra os movimentos sociais, em especial o MST.

De acordo com a coordenadora nacional do Movimento, Marina dos Santos, há muito tempo não se via uma unidade tão forte em defesa dos setores progressistas da sociedade brasileira em um momento difícil para os movimentos sociais. “Está havendo um processo de articulação dos setores mais atrasados e conservadores da América Latina. Estão articulados com o capital, com os meios de comunicação de massa, com os setores mais conservadores do parlamento e do Judiciário com o objetivo de desmoralizar as lutas sociais e as conquistas históricas do povo”, disse.

Para Quintino Severo, secretário-geral da Central Única dos Trabalahdores (CUT), o ato demonstra a solidariedade de classe dos movimentos urbanos e dos sindicalistas brasileiros frente ao MST. “Hoje são os trabalhadores sem terra, mas é uma ofensiva contra os setores progressistas. Amanhã, o ataque poderá vir a outras entidades e movimentos”, alertou.

CPMI

Com a recente CPMI instalada no Congresso Nacional, somam-se três investigações contra o MST em sete anos. As anteriores não chegaram a nenhuma prova ou indício que pudesse comprometer as atividades e ações do Movimento.

Durante o ato, várias intervenções mostraram que esta investigação é uma retaliação da bancada ruralista, que não aceita o preceito constitucional de atualização dos índices de produtividade do campo, defasados há mais de 30 anos.

Segundo William Clementino, da Confederação dos Agricultores na Agricultura (Contag) todas as discussões sobre Reforma Agrária só aconteceram devido à pressão dos trabalhadores e trabalhadoras. A Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetraf) também lamentou a postura do Congresso. “Entristece-nos que o Congresso Nacional desrespeite os movimentos sociais. Temos que trazer para a sociedade a importância da Reforma Agrária”, declarou Elisângela Araújo, coordenadora da Fetraf.

O ato contou com a presença dos seguintes parlamentares: os/ as deputados/as Chico Alencar (PSOL/RJ), Ivan Valente (PSOL/SP), Emília Fernandes (PT/RS), Nazareno Fonteles (PT/PI), Assis do Couto (PT/PR), Jackson Barreto (PMDB/SE), Anselmo de Jesus (PT/RO), Pedro Wilson (PT/GO), Eudes Xavier (PT/CE), além da senadora Serys Slhessarenko (PT/MT). Trabalhadores organizados pela CUT, do MST e representações da CPT, do Movimento de Mulheres Camponesas e da Cáritas Brasileira também se fizeram presentes.

Fonte: site do MST