A comunidade em mudança de época

Dom Sinésio Bohn

Conheço um jovem entusiasmado com sua comunidade. Ele conhece os membros da comunidade só pela internet. É uma comunidade do Orkut, virtual.

Já o padre que trabalha no projeto diocesano de renovação das comunidades tem como ideal a pequena comunidade, de rosto humano, onde se articula bem fé e vida. É a comunidade eclesial de base.

A maioria dos párocos tem em vista a comunidade paroquial ou, simplesmente, a paróquia. Esta, porém, é constituída de várias comunidades menores. Alguns se esforçam para transformar a paróquia em rede de comunidades. Mas conheço um bando de jovens, que se vestem de preto, planejam ações conjuntas, às vezes aventuras legais, mas com freqüência desordens ilegais. Porque em geral não duram muito, são considerados tribos. Tem pouca coesão.

A Europa conseguiu unir os países, eliminando praticamente as fronteiras. É a comunidade européia.

Existe ainda a comunidade internacional, a comunidade terapêutica, a comunidade científica e a comunidade acadêmica.

Também os movimentos eclesiais formam suas comunidades. E ultimamente surgem novos carismas e novas comunidades de vida.

Sob a assessoria de Padre Joel Portella, os Bispos católicos, reunidos na 47ª Assembleia Geral, meditamos sobre o sentido e a melhor maneira de os cristãos viverem a fé em comunidade, como a Escritura atesta dos primeiros cristãos. Hoje, com tantas mudanças, o território ficou menos decisivo para ser comunidade. Como vivemos, as pessoas se unem de muitas maneiras.

Sempre se pede pertença comunitária. Ela pode ser territorial, geográfica. Mas pode ser ambiental, afetiva, supraparoquial, interparoquial. Os grupos de famílias são núcleos comunitários, sementes de comunidades.

“Num mundo marcado pelo pluralismo e pela mobilidade, não há como se fazer presente se não for pela diversidade de formas”. E pela paciência pastoral!

Mas viver a fé em comunidade, celebrar a fé em comunidade, partilhar o pão e manter a comunhão são essenciais à vida cristã.