A mecha ainda fumega

Padre Cido Pereira

Primeiro caso:

Aquela irmãzinha humilde, com uma criança nos braços, chegou à secretaria da paróquia e pediu para falar com o padre.

“Tem que marcar hora! Ele é muito ocupado!” – respondeu a secretaria. “Mas você pode adiantar o assunto?

“É que eu quero batizar o meu filhinho, este aqui! Eu quero que ele seja filho de Deus.”

“Sim…” disse a secretária. “Mas me diga uma coisa: Você é casada na Igreja?”

“Não. Meu namorado – o pai da criança sabe? – deu no pé. Foi embora.”

E a secretária, zelosa: “É… então vai ser difícil batizar! Não adianta nem falar com o padre!”

Segundo caso:

Aquela irmãzinha humilde, uma criança nos braços, chegou à secretaria da paróquia e pediu para falar com o padre.

“Tem que marcar hora! Ele é muito ocupado! – respondeu a secretária. “Mas você pode adiantar o assunto?”

“É que eu quero batizar o meu filhinho, este aqui! Eu quero que ele seja filho de Deus.”

Nossa, que coisa boa, menina. Deus te deu este presente? Maravilha! Não precisa nem falar com o padre. Vamos fazer a inscrição.

“Mas… eu não sou casada na Igreja! Sou mãe solteira.”

Não importa agora, minha querida. O que importa é batizar seu filhinho, esta fofura que aí está. Quem você escolheu para padrinhos?

“Meus pais! Eles sofreram muito com a minha gravidez, mas me acolheram e me ajudaram.”

“Bela escolha. Comecemos, então, a inscrição. Seu nome?”

“Maria de Nazaré…”

Ah…! Meus irmãos padres, minhas queridas secretárias, povo de Deus de nossa pastoral do Batismo… sejamos sinais da ternura de Deus. Não apaguemos a mecha que ainda fumega, não quebremos de vez a taquara rachada, como no primeiro caso.

Ouçamos Jesus:

“Depois disso, algumas pessoas levaram as suas crianças a Jesus para que as abençoasse, mas os discípulos repreenderam aquelas pessoas. Quando viu isso, Jesus não gostou e disse:

‘Deixem que as crianças venham a mim e não proíbam que elas façam isso, pois o Reino de Deus é das pessoas que são como estas crianças. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: quem não receber o Reino de Deus como uma criança nunca entrará nele’.

Então Jesus abraçou as crianças e as abençoou, pondo as mãos sobre elas”.