Bem Aventurada Joana de Portugal

12 de Maio

Filha de D. Afonso V, Rei de Portugal, a Princesa Santa Joana nasceu em Lisboa, no dia 6 de Fevereiro de 1452. Possuía grande beleza e personalidade marcante. Ficou órfã de mãe aos 4 anos (ou 15?) de idade. Procurou desde menina praticar sempre o bem, tanto no desprendimento das grandezas da corte e das vaidades do mundo, como na profunda piedade e vida interior, na sincera devoção à paixão de Cristo e na desinteressada caridade em favor dos pobres. 

Exerceu a regência do Reino quando seu pai foi à frente de uma esquadra conquistar Arzila e Tânger, na África.

Desejosa de se consagrar a Deus na Ordem dominicana, precisou vencer a resistência do pai e de seu irmão D. João (futuro D. João II) que desejavam um casamento vantajoso para ela. Aos 19 anos, recolheu-se no Mosteiro de Odivelas; mas a 4 de Agasto de 1472, entrou no Mosteiro de Jesus da então Vila de Aveiro, a que ela chamava “a sua Lisboa a pequena”. Aí viveu em austeridade e fervor religioso, sob o hábito dominicano. Faleceu a 12 de Maio de 1490; tinha 38 anos de idade. Foi sepultada no coro de baixo do referido Mosteiro.

Logo após a sua morte, o povo de Aveiro começou a venerá-la por santa, considerando-a mesmo, mais tarde, como protectora da Cidade; o seu culto foi confirmado pelo Papa Inocêncio XII, em 4 de Abril de 1693. Em 5 de Janeiro de 1965, a Papa Paulo VI constituiu-a padroeira principal da Cidade e da Diocese de Aveiro.

No Museu de Aveiro
Retrato da Princesa Santa Joana


A princesa portuguesa, com olhar frio e distante, aparece luxuosamente representada, com uma rica crespina no cabelo, tecida de ouro e com pedras preciosas a cobrir-lhe quase totalmente a testa. Os cabelos longos, espalham-se sobre os ombros, de ambos os lados de uma camisa bordada e decotada em V.

É o único retrato feminino, isolado, da nossa pintura do século XV.  
Representa a princesa em busto, vestida à moda da corte.

Túmulo de Santa Joana
Encontra-se no coro-santuário do Mosteiro de Jesus e é um magnífico exemplar do século XVIII, com finíssimas incrustações de mármore policromo que, dada a sua delicadeza e perfeição, parecem pinturas.
Belo exemplar barroco do século XVIII, com coluna torsa de calcário, rematada por um capitel coríntio.

Lenda de Santa Joana Princesa
A princesa D. Joana, filha do rei Afonso V, revelou desde muito tenra idade uma grande vocação religiosa. Esta filha primogénita, apesar de ser obrigada a viver na Corte pela sua posição, afastava-se o mais possível de festas e convívios e passava grande parte do seu tempo a rezar e a meditar. A princesa era, dizia-se, muito bela e teve muitos pretendentes, entre estes muitas cabeças coroadas, mas a todos recusou alegando a sua intenção de se tornar freira. Com a autorização real, entrou D. Joana no Convento de Odivelas, mudando-se mais tarde para o Convento de Santa Clara de Coimbra, mas acabando por resolver professar no Convento de Jesus, em Aveiro. Esta última decisão foi contestada tanto pelo rei como pelo povo, dado que o Convento de Jesus era muito pobre e, na opinião geral, indigno de uma princesa. Por outro lado, o povo discordava da vocação da princesa e não queriam que ela professasse. Perante tanta discórdia D. Joana decidiu não professar, mas declarou que usaria o véu de noviça para sempre e insistiu em ingressar no Convento de Jesus, vivendo na humildade e na pobreza e aplicando as rendas que possuía no socorro dos pobres. A sua caridade era tão grande que depressa ficou conhecida como santa. Mas a bela princesa adoeceu de peste e morreu em grande sofrimento. Quando o seu enterro passou pelos jardins do convento deu-se um facto insólito: as flores que ela havia tratado em vida caiam sobre o seu caixão prestando-lhe uma última homenagem. Após este primeiro milagre, muitos outros foram atribuídos a Santa Joana Princesa, levando a que, duzentos anos depois, o Papa Inocêncio XII concedesse a beatificação a esta infanta de Portugal.

Santa Joana  1452 – 1490

  • Jurada princesa e herdeira do trono ainda no berço
  • Regente do reino em 1471
  • Tomou o hábito de noviça dominicana no convento de Jesus em Aveiro, em 1475, onde residia desde 1472
  • Encarregada da educação de seu sobrinho D. Jorge, duque de Aveiro
  • Recusou todas as propostas de casamento apresentadas por soberanos estrangeiros
  • Beatificada por Inocêncio XII