Chega de insultos. É hora de exigir respeito à nossa Igreja

Editorial do jornal O São Paulo, da Arquidiocese de São Paulo

A Igreja no mundo inteiro vem sendo vítima de uma campanha cruel voltada a macular seu rosto, por conta de acusações, algumas tristemente comprovadas, outras não, de abusos sexuais contra crianças e adolescentes da parte de alguns poucos padres, dos quais se esperava, a proteção e a defesa das ovelhas como pastores e não investidas insanas de lobos. Dissemos poucos, mas fosse apenas um, já seria de lamentar, porque o que se espera de um padre é que ele se configure a Cristo, sacerdote, profeta e pastor.

Esses poucos padres, com certeza doentes necessitados de tratamento e bem longe do ministério, deixaram marcas no corpo e na alma de filhos amados de Deus. Merecem a reprovação total da Igreja e da sociedade. Que paguem por seus atos diante da justiça divina e da justiça humana.

E quanto às vítimas? A Igreja lhes pede perdão e quer reparar o sofrimento delas. Comove ver o Santo Padre preocupado com elas, buscando o diálogo, tentando reparar o estrago feito em suas almas pela insanidade desses pastores. Fazendo suas as dores das vítimas, a Igreja sofre também pela forma como esses erros vem sendo apresentados, como se ela formasse lobos e não pastores, como se ela fosse responsável por esses desvios de conduta.

É tempo de reagir contra os insultos, contra esta orquestração de parte da imprensa que já começa a ser percebida até mesmo pelos mais simples filhos da Igreja. A Igreja quer que se rompa com o silêncio para que se punam culpados e mais ainda que se previnam novos casos. Quer, porém, que se tenha em conta que a praga da pedofilia não é uma patologia que afeta somente padres. Em todos os ambientes da sociedade, em todos os estados de vida, em todas as profissões, este mal fere inocentes.

Nesta semana, o presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo ofendeu profundamente milhões de fiéis católicos, ao abordar a pedofilia, usando termos grosseiros contra o papa, contra a Igreja, contra a imensa maioria de padres que servem a Deus e ao povo. Respeite a Igreja Católica, senhor presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo! Ela fundou esta cidade e ao longo de mais de quatro séculos marca presença na vida dela, livrando crianças da mortalidade infantil através da Pastoral da Criança, oferecendo caminhos de superação da marginalização de jovens, adultos e idosos, tratando com dignidade as pessoas em situação de rua, lutando contra o desemprego, ajudando pessoas na busca do direito à saúde, à moradia, à educação.

Somos povo santo e pecador, proclamamos em nossas celebrações. Pelos erros desses poucos padres pedimos perdão. Mas pela santidade de tantos homens e mulheres de Deus damos glória e nos sentimos encorajados a continuar anunciando Jesus Cristo e seu Evangelho.