Crescer na Fé, agradecendo a Deus

Dom Edmar Peron

De diferentes maneiras, nos últimos domingos Jesus têm nos ajudado a compreender o lugar da oração em nossas vidas. Na cura dos dez leprosos (Lc 17,11-19), um dos dez voltou a Jesus, prostrou-se, o agradeceu, e Jesus exaltou sua fé. Com a parábola da viúva (Lc 18,1-8), Jesus mostrou-nos “a necessidade de rezar sempre, e nunca desistir”. E no último domingo, o 30º do Tempo comum, Jesus nos contou a parábola da oração do fariseu e do publicano (Lc 18,9-14), “para alguns que confiavam na própria justiça e desprezavam os outros”. Assim, foram apresentados a nós dois agradecimentos, o do leproso curado e o do fariseu cheio de si; ambos agradeceram, mas um só foi apresentado como modelo, o leproso: “Levanta-te e vai! Tua fé te salvou”. Agradecer, portanto, não é simplesmente começar a oração com “Deus, eu te agradeço”. É preciso considerar atentamente quem está no centro da oração. O leproso agradeceu a ação de Jesus na vida dele, enquanto o fariseu enumerou diante de Deus as próprias ações, e, acrescentando o desprezo pelas pessoas: “eu não sou como os outros homens”.

Como aprender a rezar, agradecendo a Deus? Você, indo à missa, acompanhe atentamente e com fé as palavras da Oração Eucarística, a qual nos mostra como Deus Pai, pelo Filho, no Espírito Santo, é o centro da ação de graças. De fato, agradecendo a Deus, entramos no mistério de sua salvação; ao ouvir: “Demos graças ao Senhor nosso Deus”, respondemos prontamente: “É nosso dever e nossa salvação”.

A respeito da Oração Eucarística, lemos na Instrução Geral do Missal Romano, n. 78: ela é “centro e ápice de toda a celebração, prece de ação de graças e santificação. […] O sentido desta oração é que toda a assembleia se uma com Cristo na proclamação das maravilhas de Deus e na oblação do sacrifício. A Oração Eucarística exige que todos a ouçam respeitosamente e em silêncio”. A ação de graças – expressa principalmente na parte do Prefácio, concluído pelo canto do Santo – “glorifica a Deus Pai e lhe rende graças por toda a obra da salvação ou por um dos seus aspectos, de acordo com o dia, a festa ou o tempo” (IGMR 79a). A Igreja prevê a possibilidade de que essa oração – que nunca deve ser interrompida com comentários nem outros cantos ou ações – seja precedida por um convite à assembleia para que, de preferência em silêncio, reze a Deus apresentando-lhe cada pessoa os próprios motivos de gratidão.

Convido você a meditar a Oração Eucarística n. 4 – infelizmente tão pouco usada! – e a descobrir a cada dia a alegria de agradecer: agradecer às pessoas e, na oração, agradecer a Deus. É essa gratidão que recoloca Deus no centro de nossas vidas e faz crescer a nossa fé.