De jumento em Jerusalém

Dom Aloísio Sinésio Bohn

Com o domingo de ramos inicia a Semana Santa. Jesus vai decidido a Jerusalém, montado num jumento, em sinal de simplicidade e de humildade. Os reis poderosos montavam cavalos para fazer suas guerras e subjugar os povos. Jesus vai a Jerusalém pára libertar o povo do jugo dos cavalos, do jugo do mal e da morte. Não tem carros de guerra, nem exército armado. Ele vai cumprir a vontade do Pai: dar sua vida pela redenção da humanidade.

Uma multidão aclama a Jesus como Filho de Deus e como Messias. Ramos nas mãos e mantos espalhados pelo caminho, os judeus exultam de esperança pela vinda do Reino de Deus.

Pela procissão dos ramos a Igreja assume hoje a exultação dos judeus pelo advento do Reino de Deus. Abençoa os ramos que o povo leva para casa como sinal de amor e de reverência ao Salvador. É tradição em muitas famílias que os ramos guardados em casa sejam queimados por entre preces durante tufões e grandes perigos. Os ramos sobrantes são queimados na quarta-feira de cinzas, quando o povo recebe a cinza na cabeça, como sinal de penitência: “Lembra-te que és pó e ao pó hás de voltar”.

No Brasil acontece no Domingo de Ramos a Coleta da Fraternidade. O povo doa dinheiro para gestos de caridade e de solidariedade em favor dos mais necessitados. É a resposta ao convite de Jesus: “Em verdade eu vos digo: todas as vezes que fizestes isto ao menor de meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25, 40).

Durante a Semana Santa a tradição cristã aconselha um ambiente social mais discreto, evitando festas barulhentas, em sinal de participação na paixão e morte de Jesus Cristo. Sábado santo, na vigília pascal, celebra-se a ressurreição do Senhor. Aí sim, o povo explode em alegria, pois é a vitória do Senhor sobre o pecado e a morte. Isto ele fez por nós. É, pois, nossa vitória.

Aqui vai o convite para nos unirmos de modo especial a Jesus na celebração da sua paixão, morte e ressurreição. Como o reino do mal continua entre nós, é tempo de nos purificarmos, inclusive por uma boa confissão auricular. Tempo também de sujar as mãos e de comprometer a vida pela superação da violência e da injustiça entre nós.