Mobilidade Urbana: Uma questão de convívio social

Por João Fellipe Perin Freire

A melhor maneira de se entender uma necessidade alheia, é fazer o exercício cristão e assim se colocar no lugar do outro. Tentar ver a vida ainda que por apenas alguns instantes por outra janela, entendendo-o e colocando para si, as demandas daquele que já não é um diferente. Neste ato, podemos levantar várias questões.

Como seria sua vida se o seu direito de ir e vir lhe fosse negado? Mesmo as situações mais inócuas estariam vinculadas a este fardo. Quando precisamos ir a um hospital ou ao mercado, podemos nos locomover com certa facilidade, caso tenhamos meio para isto e boa saúde. Contudo, infelizmente, nem todas as pessoas podem se beneficiar de tais atributos.

Segundo censo levantado pelo IBGE 4,8% dos brasileiros tem pelo menos mais de 70 anos, e na maioria dos casos o ser-humano já observa acentuada dificuldade de locomoção nesta idade. Já segundo estudo promovido pela Febraban, 14,6% da população brasileira sofre de alguma deficiência. Sendo 48,1 % visual, 16,6% mental, 27,1 física e 8,2 auditiva. Considerados idosos e deficientes, chegamos a quase 20% da população, um número que merece real atenção.

Ouvimos falar muito sobre mobilidade urbana, sobre os motoristas parados no trânsito, aos jovens e sua necessidade de locomoção barata e ágil. Mas pouco se tem dito sobre aqueles que merecem maior cuidado até para chegar no ponto do ônibus, ou ir a qualquer outro lugar na condição de transeunte.

Além dos motoristas e usuários da rede pública de transporte, dezenas de milhares de pedestres sofrem todos os dias para poder se locomover nas ruas e avenidas nesta cidade. Mesmo entre pequenas distâncias. Os cronômetros projetados para gerenciar o tempo dado ao transeunte, em muitos casos, não considera o tempo de travessia do usuário não habitual. Ou seja, um idoso ou um deficiente. Seu tempo de espera não pode ser feito em cima do tempo médio de travessia, pois como vimos há uma minoria que não seria assistida na prestação do serviço.

O grupo de jovens da Paróquia São Miguel Arcanjo tem debatido este assunto, a partir da iniciativa do Pe Júlio, e assim começa atividades para que esta questão seja socializada através da ampla conscientização do assunto via mídias sociais. Tendo o entorno de nossa paróquia como foco inicial, buscaremos alertar a comunidade em relação a este descaso com o mais fraco, e assim legitimar demanda para que ações paliativas possam ser implementadas.

O vídeo abaixo procurou documentar a dificuldade dos idosos para transitar nos arredores da paróquia: