Morador de rua morto a pedradas em Fortaleza, CE

Homem foi identificado apenas como Assis; é o terceiro assassinato de pessoa em situação de rua neste ano na Capital

Mais um morador de rua foi assassinado em Fortaleza. Na manhã de ontem, por volta das 7h30, um homem identificado como Assis foi morto a pedradas por um companheiro de rua na Rua Silva Paulet, Meireles.

Milhares de pessoas vivem nas ruas de Fortaleza, mas não existe um número preciso, pois essa população está sempre migrando de um local para outro. De abril de 2008 a julho deste ano, 2.377 foram atendidas pela Semas Foto: José Leomar

Não se sabe ao certo o que motivou o crime, mas, de acordo a Polícia, certamente foi por causa de divergências entre eles. O suposto assassino, conhecido como Natanael, não foi preso. Franco Pinheiro, delegado da Divisão de Homicídio e Proteção à Pessoa, informa que os dois costumavam usar drogas na área.

Praticamente nada se sabe sobre a vítima. Nome completo, idade, de onde era. Conforme o delegado, o homem aparentava ter 40 anos ou mais. Para ele, trata-se de um caso isolado, que raramente ocorre, pois o mais comum é homicídio à bala.

Ter a rua como morada é a realidade de milhares de pessoas na Capital. Porém, como estão sempre migrando de um local para outro, não existe um dado preciso de quantos representam. Informações da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) apontam que, de abril de 2008 a julho deste ano, 2.377 pessoas em situação de rua foram atendidas pelo órgão.

Desse total, 1.979 (83,25%) são do Interior, 297 (12,49%) de Fortaleza, 87 (3,66%) de outras capitais e os demais de outros países. Grande parte é homem, 1.958 (82,37%). Já as mulheres somam 403 (16,95%).

Violência
Andreia Cortez, coordenadora da Proteção Social Especial da Semas, afirma que, neste ano, pelo menos três pessoas foram assassinadas nas ruas de Fortaleza. Ela explica que a violência contra pessoas em situação de rua é bastante recorrente. Por ocupar os espaços públicos como se fossem a sua própria casa, para tomar banho, comer e dormir, muitos acabam sendo vítimas de violência. “Eles são rejeitados tanto pela sociedade, quanto pela segurança pública, que não aceita que utilizem os espaços públicos”, esclarece.

Fernanda Gonçalves, secretária da Pastoral do Povo da Rua, da Arquidiocese de Fortaleza, questiona o suposto motivo do crime. “É muito fácil dizer que a população de rua se mata entre si ou que eram um usuários de drogas. Mas será que foi isso mesmo que aconteceu? É preciso ter clareza para não levar para o lado mais negativo da história”. Outro grave problema que denuncia é que, por se tratar de pessoas em situação de moradia de rua, a maior parte dos casos não é sequer apurada. “A gente observa que são casos vistos com naturalidade, mas não é uma morte banal. O que aconteceu foi muito sério e tem se repetido. Queremos saber os reais motivos do crime”, questiona.

Para ajudar essas pessoas a superar a situação de rua, a pastoral realiza um trabalho nas praças e ruas. A Casa do Povo da Rua Dom Luciano Mendes, no Centro, recebe diariamente cerca de 50 pessoas. O local disponibiliza serviços de higiene, lavanderia e lazer. Conforme relatos, a agressão mais comum é o preconceito. “As pessoas pensam que são todos ladrões, mas a realidade é diferente”, afirma.

Fonte: Diário do Nordeste

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