O arameu errante

Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS

Que há de comum entre Abraão e o apóstolo Paulo, de um lado, Ulisses e Dom Quixote, de outro? Por mais díspares que sejam esses quatro personagens, extraídos reciprocamente do contexto bíblico e da literatura, desfilam todos ante nossos olhos como “figuras errantes”. À sua maneira, cada um deles protagoniza a condição do ser humano sobre a face da terra, hóspede de um solo estrangeiro, em busca da pátria definitiva. Aqui nos limitaremos a acompanhar mais de perto os passos – trôpegos, titubeantes ou decisivos – do patriarca Abraão, o “pai de nossa fé”, de acordo com a Carta aos Hebreus.

1.      O chamado e a resposta

A vocação de Abraão constitui uma narrativa javista,  “com algumas adições sacerdotais ou redacionais”, de acordo com os comentários da Bíblia de Jerusalém. É o que se lê no capítulo 12 do Livro do Gênesis:  “Iahweh disse a Abraão: ‘sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei’” (Gn 12,1). Atendendo ao chamado de Deus, parte o patriarca com a mulher Sara, por enquanto anciã e estéril. Os caminhos a seguir e a terra a ser alcançada ainda lhe são desconhecidos. Como veremos mais adiante, é a fé que o faz romper com o apego à terra natal e, ao mesmo tempo, o guia para um futuro incerto e incógnito.

Além dos exemplos tirados da literatura e de outros textos bíblicos, contam-se aos milhões o número de migrantes que vivenciam concretamente essa experiência. Pressionados por condições socioeconômicas adversas, a teimosia pela sobrevivência, simbolizada na voz de Deus, os põe em marcha. Passam a conhecer toda sorte de obstáculos e desafios, hostilidades e  problemas, mas desconhecem o que os espera. Apesar de veredas árduas e íngremes e de um horizonte nebuloso, enfrentam a travessia. A luta pela vida é mais premente que a inércia. Parafraseando Euclides da Cunha, “o migrante é antes de tudo um forte”. Empreendem a gigantesca tarefa de refazer o próprio destino.

Com freqüência, são os conflitos de ordem política, ideológica ou até religiosa que ao atiram à estrada. Neste caso, na condição de refugiados, estão praticamente proibidos de olhar para trás. Em seus calcanhares, lhes assolam o medo, a perseguição e o risco de morte. É preciso avançar sempre para diante. Em meio a terras e multidões estranhas, é preciso abrir uma picada na mata escura. Muitas vezes sequer há tempo para uma parada, um descanso, um alívio temporário. Em numerosos casos, é o próprio trabalho que os põe em movimento. Basta pensar nos marinheiros, aeroviários, motoristas, circenses, parquistas, técnicos de empresas, entre tantos outros. Também o estudo move uma porção de jovens, na esperança de melhores condições.

Em quase todos esses exemplos, é a fuga que lhes comanda o coração e as pernas. Escapam de condições adversas, tentando encontrar saídas para uma sobrevivência sempre difícil, que parece escorregar pelos dedos da mão. Como tornar semelhante fuga em nova busca? Como fazer com que o chamado de Deus à vida tenha como resposta o respeito à dignidade humana e a cidadania efetiva de cada migrante? É o que veremos em seguida.

2.      A promessa e a benção

No apelo de Iahweh a Abraão, a ordem de saída vem acompanhada por uma promessa e uma benção: “Eu farei de ti um grande povo, eu te abençoarei, engrandecerei teu nome; sê uma benção” (Gn 1,2). Mas o anúncio de uma numerosa descendência vem acompanhado de algo mais sólido: “É à tua posteridade que eu darei esta terra” (Gn 1,7). Terra e povo forma duas faces da mesma moeda. De fato, que seria de uma família, um grupo ou um povo sem um território onde ficar as próprias raízes?

Do ponto de vista teológico, a Carta aos Hebreus desenvolve o conteúdo e o caráter dessa promessa. “Com efeito, quando Deus fez a promessa a Abraão, não havendo um maior por quem jurasse, jurou por si mesmo, dizendo: eu te cumularei de bênçãos e te multiplicarei em grande número. Abraão foi perseverante e viu a promessa se realizar (…). Por isso, Deus mostrou com insistência aos herdeiros da promessa o caráter irrevogável de sua decisão”. Promessa e benção acompanham o Povo de Israel, quer como saudade do paraíso perdido, quer como conquista de uma nova pátria. É assim que “a esperança é para nós qual âncora da alma, segura e firme, penetrando para além do véu, onde Jesus entrou por nós, como precursor, feito sumo sacerdote para a eternidade, segundo a ordem de Melquisedec” (Hb 6,13-19).

Voltemos ao Livro do Gênesis. Se, por um lado, terra fértil e descendência numerosa andam de mãos dadas, por outro, promessa e benção permanecem indissociáveis. A segunda é o revestimento da primeira. “Abençoarei os que te abençoarem, amaldiçoarei os que te amaldiçoarem. Por ti serão benditos todos os clãs da terra” (Gn 12,3). Com essa esperança no coração e com as santas palavras nos ouvidos, “Abraão partiu, como lhe disse Iahweh. Tomou sua mulher,  Sara, seu sobrinho, Ló, todos os bens que tinham reunido e o pessoal que tinham adquirido… Partiram para a terra de Canaã” (Gn 12,4-5).

Nem sempre essa mesma fé e esperança são companheiras dos migrantes. Para não poucos, a saída representa o começo de uma queda sem retorno. Sem, em décadas passadas a migração era muitas vezes sinônimo de ascensão social, hoje os emigrantes e imigrantes enfrentam as barreiras do preconceito, da discriminação e da xenofobia.  O fim é a periferia de alguma grande cidade, uma de cidadania irregular, um porão sórdido, cortiço ou favela, quando não a rua e o abandono completo. Outros experimentam o desemprego, a miséria e a fome, chegando até desilusão pura e simples. Sem falar nos que, ao fim da linha, sós, órfãos e perdidos, partem para a violência, a droga, a prostituição e, no limite, o suicídio.

Porém, a promessa de pátria garantida e de um futuro mais promissor, juntamente com a benção da fé, também costuma ser parceira de muitos migrantes. Neste caso, o leite bebido na infância e o berço familiar podem fazer a diferença. Raízes culturais e religiosas sólidas convertem-se, não raro, numa espécie de trampolim para um passo no escuro, arriscado sem dúvida, mas iluminado pela fé e esperança do pai Abraão. É nessa perspectiva que ganha toda força e eficácia o resgate das expressões culturais e religiosas de cada etnia e de cada povo. Espaços multiculturais e pluriétnicos, de caráter confessional ou não, podem servir de ponto de encontros e reencontros, lugares de intercâmbio e mútuo enriquecimento. Assim, o imigrante deixa de ser um problema para converter-se em oportunidade, ou, como dizia João Paulo II, “para a Igreja não há estrangeiros, somos todos irmãos”.

3.      O arameu errante

Duas versões de uma espécie de “confissão de fé” do Povo de Israel podem nos guiar neste item. De acordo com boa parte dos estudiosos bíblicos, trata-se de um “credo histórico” engendrado na experiência do êxodo, da passagem da terra da escravidão para a terra prometida. O primeiro texto, mais primitivo, é encontrado no Livro do Êxodo, estando ligado à vocação de Moisés, no episódio da sarça ardente (Ex 3,7-10); o segundo texto, numa versão mais elaborada e já ritualizada para o uso do culto israelita, aparece mais de uma vez no Livro do Deuteronômio (tomaremos em conta, especialmente, Dt 26,5-10).

Na fusão das duas versões, a narrativa coloca na boca de Iahweh quatro verbos, na primeira pessoa do singular: eu vi, eu ouvi, eu conheço, eu desci. Todas as expressões verbais apontam para uma situação concreta dos escravos hebreus sob a tirania de Faraó: “eu vi a miséria do meu povo que está no Egito; ouvi seu clamor por causa dos opressores; pois conheço suas angústias e seu sofrimento; por isso desci para libertá-lo da mão dos egípcios, e para fazê-lo subir daquela terra a uma terra boa e vasta, terra que mana leite e mel”.

Lei te e mel são sinônimos de fartura. Fartura numa pátria nova, depois do peso da servidão numa nação estrangeira. Uma vez mais, terra e descendência, promessa e benção, se unem para fortalecer a fé e a esperança do povo oprimido. O credo histórico, em suas diferentes versões, ao retomar liturgicamente a trajetória da salvação, traduz uma experiência de Deus única e irrepetível, se levamos em conta as religiões do mundo antigo. Só aqui a personificação do transcendente se revela tão próxima da dor e da esperança de um determinado povo; só aqui Deus acompanha de perto seus desafios e lutas para escapar das mãos do opressor; só aqui Iahweh simboliza o nascimento de uma espiritualidade onde caminham lado a lado a mística e a libertação sócio-política.

Diferentemente da narração de Homero na Ilíada ou na Odisséia, por exemplo, o Deus dessa experiência místico-religiosa de Israel se revela extremamente sensível e solidário com a situação real dos seres humanos que, quais formigas rastejantes, se debatem na face da terra. Um Deus de olhos e ouvidos alertas, atento ao pulsar dos corações angustiados, que se digna descer e caminhar junto com “o órfão, a viúva e o estrangeiro”. Atitude de descida que, desde um ponto de vista teológico, realizar-se-á plenamente no mistério da Encarnação, quando “o Verbo se faz carne e arma sua tenda entre nós”, como lemos no prólogo do Quarto Evangelho. Diz-nos também a Carta de São Paulo aos Filipenses: “Ele tinha a condição divina, e não considerou o ser igual a Deus como algo a que se apegar ciosamente; mas esvaziou-se a si mesmo, e assumiu a condição de servo, tomando a semelhança humana: humilhou-se e foi obediente até a morte, e morte de cruz” (Fl 2,6-8).

É o mesmo Deus que se compadece do clamor dos escravos e se insurge contra o Faraó. Um Deus parcial! Sim, diante de uma situação de escandaloso desequilíbrio, a verdadeira justiça exige formas diferenciadas. Realidades desiguais merecem tratamento desigual. A imparcialidade diante de injustiças flagrantes atenta não só contra a justiça e o direito, mas contra o próprio bom-senso. Não é difícil imaginar o cerne dessa espiritualidade aplicado à situação atual dos migrantes.

Hoje como outrora, Deus continua sensível, atento e solidário ao povo oprimido: vê a precariedade e carência das regiões subdesenvolvidas em que nascem milhões e milhões de pessoas, particularmente nos países do Terceiro Mundo, com mínimas possibilidades de sobrevivência; ouve os gritos de socorro dos refugiados, marítimos, itinerantes e de todos os que se põem em fuga, na tentativa de encontrar melhores condições de vida e trabalho; conhece os desejos e temores dos que estão pelas estradas, pois caminha lado a lado com eles; desce na pessoa dos profetas para promover a conscientização, a organização e a mobilização, em prol de uma nova sociedade.

4.      Uma tenda para os hóspedes

Entretanto, além de ser o pai da fé, Abraão caracteriza-se como um verdadeiro anfitrião. O episódio sobre o Carvalho de Mambré, no capítulo 18 do Livro do Gênesis. Ao notar os três forasteiros na frente de sua tenda, não sofre a menor hesitação: “traga-se um pouco de água e vos lavarei os pés, e vos estendereis sob a árvore; trarei um pedaço de pão e vos reconfortarei o coração antes de ires mais longe; foi para isso que passastes junto de vosso servo”. Mas o patriarca não de detém aí. Dirigindo-se a Sara, acrescenta:  “toma depressa três medidas de farinha, de flor de farinha, amassa-as e faze pães cozidos”. Oferece ainda leite, coalhada, um vitelo tenro e bom… “E permaneceu de pé junto deles, sob a árvore, e eles comeram” (Gn 18,1-6).

Impressiona a presteza de Abraão frente aos hóspedes. Tudo o que possui coloca à disposição dos caminhantes, sem falar do espaço de sua tenda e da sombra do carvalho. Faz lembrar a frase lapidar do Juízo Final “era migrante e me acolheste” ou, negativamente, “era migrante e não me acolheste” (Mt 25,35.43). Mas faz lembrar, ainda mais, o costume de Jesus em proporcionar momentos gratuitos de encontro e refeição, onde a convivência e a festa, a misericórdia e a compaixão, ganham primazia sobre o julgamento. Os sociólogos chamam a isso comensalidade, conceito que reúne, na mesa, a partilha do pão e da vida. Emblemática a esse respeito é a chamada última ceia de Jesus com os discípulos, precedida do lava-pés e seguida de uma espécie de testamento espiritual, concluindo-se com a oração sacerdotal.

Teologicamente, os hóspedes de Abraão são mensageiros de Deus. Anjos enviados pelo Senhor e que, saciados, prometem: “voltarei a ti no próximo ano; então tua mulher Sara terá um filho” (Gn 18,10). Novamente se renova a benção e a promessa de uma descendência para o casal, apesar adiantados em anos. Em outras palavras, que se abre ao estranho e diferente, abre-se igualmente ao transcendente; quem coloca sua tenda, sua vida e seus bens a serviço do outro, pavimenta o caminho para o encontro com o totalmente Outro.

Valem aqui as palavras de Bento XVI, ao afirmar que os migrantes hoje se revelam como verdadeiros “sinais dos tempos”. O simples fato de migrar os torna profetas de um amanhã recriado: suas idas e vindas, por uma parte, denunciam uma ordem mundial que recusa a tanta gente uma cidadania justa e digna em sua própria terra; por outra parte, anunciam a necessidade urgente de mudanças nas relações humanas: pessoais, familiares, comunitárias, sociais, políticas, nacionais e internacionais. Ao lançar-se à estrada e a uma aventura incerta, põem em marcha a engrenagem da própria história. Seus passos cavam espaço para a irrupção de Deus, diante do qual a história jamais se fecha, mas permanece aberta a alternativas diversas.

Através da fé e a exemplo de Abraão, a fuga dos migrantes se converte em nova busca. Seus pés, tais como os hóspedes do Carvalho de Mambré, teimam em romper fronteiras, em experimentar veredas insuspeitadas no terreno aparentemente cerrado da história humana. Dores e esperanças, sonhos e lutas se mesclam para manter de pé a capacidade de transformar o presente e abrir novas perspectivas de futuro. Ainda desta vez, a benção e a promessa de uma pátria sem fronteiras, ou de uma nova cidadania universal, acompanham os migrantes, refugiados e itinerantes como verdadeiros mensageiros de Deus. Acolhidos, passam a ser acolhedores; abençoados, abençoam a necessidade de renovar a civilização como um todo. Na terminologia do Documento de Aparecida e do episódio dos discípulos de Emaús, os discípulos medrosos e em fuga tornam-se ardorosos missionários, no retorno a Jerusalém como terra de missão.

5.      O protótipo da fé

A Carta aos Hebreus, em seu capítulo 11, repete inúmeras vezes a expressão “foi pela fé”. Sob a força de tais palavras, desfilam personagens como Abel, Henoc, Noé, Isaac, Moisés… Mas de modo especial Abraão. Este, sempre pela fé, “respondendo ao chamado, obedeceu e partiu para uma terra que devia receber como herança, e partiu sem saber para onde ia; foi pela fé que residiu como estrangeiro na terra prometida, morando em tendas com Isaac e Jacó, os co-herdeiros da mesma promessa”. A mesma fé guia igualmente os passos de Sara que, “apesar de anciã, se tornou capaz de ter uma descendência” (Hb 11,8-11).

Foi ainda sob o signo da fé que Abraão, “tendo sido provado, ofereceu Isaac; ofereceu o filho único”, na certeza de que os planos de Deus incluíam “uma descendência assegurada” e que Iahweh “é capaz de ressuscitar os mortos”. Diante de tanta demonstração de fé, “recuperou seu filho, como um símbolo” (Hb 11,17-19). Sim, um símbolo da promessa e da benção, cujas bases sólidas haveriam de ser a terra da fartura, do “leite e do mel”.

Quando nos detemos no quadro das migrações atuais, o que move as multidões a grandes deslocamentos em massa? O medo da violência? A precariedade das condições de vida? A violência de tantos conflitos? Ou será a fé? Talvez o correto seja reconhecer que há um pouco de tudo isso no cenário hodierno das migrações. Estas se tornam cada vez mais intensas, complexas e diversificadas, envolvendo praticamente todos os países do planeta e centenas de milhões de pessoas. O que as atira ao caminho?

Há o medo, a adversidade e a fuga, sem dúvida, mas há também a fé, a esperança e a busca. Tanto Abraão como grande parte dos migrantes são para nós protótipos de fé, na medida em que se empenham em recomeçar a cada tropeço e a cada esquina do caminho. “Esperar contra toda esperança” é seu lema (Rm 8,18-25). Ambas as dimensões e ambos os personagens mesclam e entrelaçam desafios e superações, misturam e confundem lutas e sonhos. Enquanto em alguns casos prevalece o lado negativo dos movimentos compulsórios, em outros predomina o sonho de uma vida mis promissora. Este sonho, aliás, é a contraface das carências diárias. Se Abraão é chamado de “arameu errante”, também é considerado o “pai da fé”.  Os exilados na Babilônia que “choram e penduram suas harpas nos salgueiros, com saudades de Sião” (Sl 137) são os mesmos que, no retorno do exílio, “parecem estar sonhando, com a boca cheia de riso e os lábios de canções” (Sl 126).

Transparece aqui toda a ambivalência do fenômeno migratório. Deixando atrás de si um solo inóspito e hostil, o migrante sonha com a terra prometida e fértil. Indômito e tenaz na travessia, ele atravessa o deserto árido e as montanhas escarpadas para ir ao encontro dos vales da prosperidade. O transtorno relacionado à chegada das máquinas e à produção de algodão em Oklahoma, Estados Unidos, faz os camponeses abandonarem suas terras, atravessar o deserto, e ir ao encontro de trabalho nas colheitas da Califórnia. Com pesar, deixam os ossos dos próprios antepassados, para correr ao encontro de uma nova oportunidade de vida. É o que lemos na obra de John Steinbeck, As Vinhas da Ira, prêmio Nobel de literatura.

Nosso ponto final alerta para essa ambiguidade de toda mobilidade humana. É uma realidade que sofre de dores do parto, para usar a expressão da Carta de São Paulo aos Romanos (Rm 8,22). Dores do parto significam um momento de crise e de sofrimento, sem dúvida, mas traz embutida a esperança de um nascimento, ou de um renascimento. Nascer e crescer implica dor e crise, mas apontam para a encruzilhada. Esta, passado o pior da crise, pressupõe bifurcação de caminhos e capacidade de escolha. Assim a migração: atravessado o deserto, as fronteiras e os obstáculos de toda ordem, as oportunidades se bifurcam. Novos caminhos e novas esperanças se abrem. O deserto e a encruzilhada são antecipações reais da travessia pela face da terra e, ao mesmo tempo, do vislumbre da nova e definitiva pátria.