Quebra da violência

Dom José Alberto Moura

Quem ama a Deus e se sustenta nele, não tem medo de se expor para a prática do bem ao semelhante. Não tem medo de mostrar valores que se contrapõem ao massacre da ética, do bem da vida desde sua fecundação, dos valores inerentes à dignidade humana, do valor da família, das virtudes humanas e cristãs. Infeliz de quem tem vergonha de ser o que, diante de Deus, conhece seja o melhor! Jesus mesmo disse que se envergonharia de quem se envergonha dele.

Estamos em tempo de preparação próxima à celebração da Páscoa de Jesus. Ele fez o grande jejum e esteve em oração no retiro do encontro dialogal com o Pai. Depois foi cumprir até o fim a missão dele recebida. Não teve medo de subir sobre um jumento para entrar triunfalmente em Jerusalém, mostrando um reino diferente. Ele, mesmo sofrendo as consequências da injustiça humana que o condenou à morte, apesar de ele ser inocente, quis dar o exemplo da quebra da violência com o amor totalmente oblativo de si. Sofreu em nosso lugar, pedindo perdão ao Pai por nós!

Somos convidados a quebrar também todo tipo de violência para termos a paz provocada e conquistada pelo amor. Superar o medo de dar de si pelo bem da comunidade é preciso. Somente ganha a vida de sentido e realizadora quem estiver disposto a fazer a Páscoa com Jesus, passando pela morte do egoísmo e tornando fecunda a responsabilidade de trabalhar pelo bem comum. A cruz, ou o sacrifício suportado para não sucumbirmos ao egoísmo, ao comodismo, ao peso da doação de nosso trabalho para superarmos as causas de morte e de injustiça, é enfrentada por quem está disposto a viver para dar vida, como o próprio Salvador.

Confiar a própria causa a Deus é seguir o exemplo do Mestre: “Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba… Mas o Senhor Deus é meu auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado” (Is 50, 6-7). “Ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso, Deus o exaltou acima de tudo” (Fl 2, 7-8). Jesus não foge da missão com sua luta própria. Com fé nele, somos também perseverantes na missão. Não nos dobraremos às influências do paganismo, da permissividade, da violência, do desprezo aos valores humanos, do massacre à família, das exclusões, das discriminações, do desrespeito à fé e aos ensinamentos sobre a mesma.

Nesta Semana Santa, temos oportunidade para repensarmos sobre como promovermos juntos a segurança pública, em que reine a justiça e a paz. Seguindo a Cristo, temos a possibilidade de superarmos os desafios de nossos limites e inseguranças. Como gesto concreto de nossa conversão e penitência, fazemos nossa generosa oferta neste Domingo de Ramos para a promoção da segurança através da Igreja. Somos convidados a reverter o quadro de tanta violência com a prática da verdadeira fraternidade e do compromisso com a comunidade.