Rede Nossa São Paulo divulga quadro de desigualdade na cidade

A cidade de São Paulo é dividida em 96 distritos, alguns com população maior que muitos municípios brasileiros, e isso contribui para que haja má distribuição de renda e dos equipamentos e serviços públicos.

A Rede Nossa São Paulo, uma organização não governamental, divulgou na última sexta-feira, 7, o “Quadro da Desigualdade em São Paulo”, em evento realizado no Sesc Consolação, que contou com a participação de representantes do poder público, do secretário municipal de Governo, Antonio Donato, dos vereadores Nabil Bonduki, José Police Neto e Ricardo Young, representantes de entidades civis e o bispo referencial do Serviço da Caridade, Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, dom Milton Kenan Júnior. Este “mapeamento” traz dados e informações sobre as diferenças entre os distritos.

Foram avaliados 55 indicadores, entre eles cultura, educação, esporte, habitação e meio ambiente. Vinte e nove distritos tiveram as piores avaliações, e destes, três são do centro da cidade: Brás, Sé e Pari. Os demais são de regiões periféricas.

Alguns índices, como a área verde por habitante, revelam que na subprefeitura de Parelheiros, extremo da zona sul, há mais áreas verdes por habitantes do que na subprefeitura da Mooca.

Há dados que deixam transparecer as desigualdades da cidade de São Paulo. Quem tem acesso a convênio médico, por exemplo, pode ter uma consulta marcada e realizada em 16 dias, já quem depende do serviço público será atendido no prazo médio de 66 dias.
Conforme a Rede Nossa São Paulo, é preciso fazer da cidade um lugar mais igualitário para todos. Por isso, a entidade pede que na revisão do Plano Diretor Estratégico (PDE) sejam levados em consideração esses dados.

O PDE é um instrumento para o planejamento da cidade, criado em 2002, e que neste ano passa por um processo de revisão. Audiências públicas estão sendo convocadas, e a população chamada a dar sua contribuição. A Rede Nossa São Paulo divulgou, no evento, um manifesto no qual destaca: “neste momento crucial de discussão sobre as diretrizes da nova legislação, cabe a nós observar os vergonhosos dados sobre a desigualdade em São Paulo, a cidade mais rica do Brasil. Os números são claros e não resta dúvida de que combater as desigualdades deveria ser a grande prioridade do novo Plano Diretor”.

No manifesto, a entidade destacou quatro aspectos que devem ser observados e priorizados na elaboração do novo Plano Diretor: “eleger o melhor indicador que a cidade já atingiu como meta a ser perseguida para todos os distritos”; “dotar todos os distritos da cidade com um mínimo de equipamentos e serviços públicos”; “priorizar as ações nos itens em que há menor satisfação da população, conforme pesquisa realizada pela Rede Nossa São Paulo sobre a qualidade de vida na cidade (Irbem – Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município) – na edição mais recente da pesquisa, dos 169 itens avaliados, 139 receberam notas abaixo da média”; “priorizar investimentos e políticas públicas nos 30 distritos com os piores indicadores da cidade”.

Em entrevista ao O SÃO PAULO, dom Milton destacou que o tema da desigualdade toca a todos, pois “se queremos ser testemunhas de Jesus Cristo na cidade de São Paulo, não podemos ignorar essa realidade, esse desafio”.

Ainda nessa reflexão, o Bispo salientou a importância da presença da Igreja, “tendo em vista o Projeto Obras da Fé, vemos uma realidade daquilo que, enquanto Igreja, queremos assumir na cidade de São Paulo, o papel de sermos promotores de solidariedade, justiça e paz”.

Fonte: O São Paulo – Arquidiocese de São Paulo