Saber viver

Quantas vezes temos escutado: “O que importa verdadeiramente é saber viver”. E, no entanto, não é fácil de explicar para nós o que é, na verdade, “saber viver”.

Com frequência, a nossa vida é corriqueira e monótona. De cor cinza. Mas há momentos em que nossa existência se torna feliz, se transfigura, embora seja fugazmente.

Momentos em que o amor, a ternura, o convívio, a solidariedade, o trabalho criador ou a festa, adquirem uma intensidade diferente. Sentimos que estamos vivos. Do fundo do nosso ser, dizemos a nós próprios: “isto é vida.”

O Evangelho de hoje lembra palavras de Jesus que podem nos deixar um pouco desconcertados: “Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna”.

A expressão “vida eterna” não significa simplesmente uma vida de duração ilimitada, mesmo, após a morte.

Trata-se, antes de mais nada, de uma vida de profundidade e de qualidade nova, uma vida que pertence ao mundo definitivo. Uma vida que não pode ser destruída por um bacilo nem ser truncada no cruzamento de uma estrada qualquer.

Uma vida plena, que vai além de nós mesmos, porque já é uma participação na própria vida de Deus.

A tarefa mais apaixonante que todos temos pela frente é ver como ser humanos hoje? Como crescer como homens? Os cristãos acreditam que a maneira mais autêntica de viver como homens é aquela que nasce de uma adesão total a Jesus Cristo. “Ser cristão significa ser homem, não um tipo de homem, mas o homem que Cristo cria em nós”

Talvez tenhamos de começar por acreditar que a nossa vida pode ser mais plena e profunda, mais livre e alegre. Talvez devamos ousar viver o amor com mais radicalidade, para descobrir um pouco o que é “ter vida abundante”. No final, como diz São João: “Sabemos que passamos da morte à vida, quando amamos aos nossos irmãos.”

Porém, não é questão de amar porque nos disseram que amassemos, mas porque nos sentimos radicalmente amados. E porque acreditamos cada vez com mais firmeza que “nossa vida está escondida com o Cristo em Deus.”

Certamente, há uma vida, uma plenitude, um dinamismo, uma liberdade, uma ternura, que “o mundo não pode dar”. Só o descobre quem consegue enraizar sua vida em Jesus Cristo.