São Francisco Solano

14 de Julho

São Francisco Solano foi uma figura suscitada pela Providência para fazer parte da Contra-Reforma espanhola. Ele nasceu em Montilla, na Andaluzia, em 1549, de família nobre. Seu pai foi duas vezes governador de Montilla, capital do marquesado de Priego. Sua mãe, tanto pela nobreza do sangue quanto pela nobreza da virtude, era conhecida como “a nobre” no lugar.”

Esta conjugação da nobreza de sangue e da nobreza de virtude nos leva a evocar certo tipo de senhoras extraordinariamente virtuosas e dignas ao mesmo tempo, que houve no passado, em que havia uma aliança maravilhosa entre a elevação de alma e a elevação de maneira. De forma que a elevação de maneiras não parecia simplesmente um adorno externo e quase mecânico dos gestos e das atitudes, mas era a própria expressão da nobreza de alma que a pessoa tinha.

E é grato ao homem encontrar formas exteriores que correspondam às formar interiores elevadas. A fotografia dele tem muito esse exterior de nobreza que ao mesmo tempo é a nobreza do sangue, a nobreza da alma e a nobreza das maneiras.

Aí os Srs. vêem também a mãe de São Francisco Solano, chamada a nobre por excelência, pela nobreza conjugada da virtude, do sangue e das maneiras. Esta era aquela a quem a Providência deu a missão de formar quem? O missionário dos índios mais botocudos da América do Sul.

Esses são os contrastes dos desígnios de Providência. Diante de índias com fisionomias horríveis, mal cheirosas, sem escovar os dentes nem nada, quantas vezes ele se terá lembrado da nobre atravessando as ruas da capital do pequeno marquesado de Priego… Tudo isso tem a sua beleza, tem o seu sentido e vale a pena registrá-lo de passagem.

*Apóstolo da alegria do serviço de Deus

“Quando ela esperava o futuro santo, ela o consagrou a São Francisco de Assim, donde seu nome. São Francisco Solano recebeu uma formação sumamente cristã dos pais e completou no colégio dos Padres Jesuítas de sua cidade.

“Ele era, ele mesmo, uma pessoa de bom porte, de agradável conversação, bela voz e um raro senso musical.”

Os Srs. vão ver daqui a pouco que esses dotes foram todos já previstos pela Providência, para o esplendor de seu apostolado.

“Por influência de rei católico, para compensar o dano que a Religião sofria com a apostasia de muitos povos, houve um verdadeiro renascimento religioso na Espanha. E pelo seu zelo, brilhava entre as figuras desse renascimento religioso, na Ordem de São Francisco de Assis, o grande São Pedro de Alcântara.

“São Francisco Solano, atraído pelo exemplo e pelo prestígio de São Pedro de Alcântara e da Ordem Franciscana, ele então saiu do colégio dos jesuítas e tomou o burel franciscano.

“Pelas suas virtudes, pela sua capacidade, ele foi sendo designado logo para cargos diretivos. E caracterizou-se a virtude dele por uma nota que era de não tolerar que ninguém manifestasse em torno dele tristeza por estar servindo a Deus.”

Nada de caras compridas, aborrecidas, “porque é dura a vida… como sofre um pobre religioso…” etc., etc. Quando a pessoa começa a ter pena de si mesma e ficar com cara comprida, entra num caminho em cujo fim está a apostasia. Então, é preciso dar a alegria do serviço de Deus, comunicar a alegria das coisas santas.

São Tomás de Aquino chama a inapetência das coisas santas — e portanto a tristeza de viver no serviço de Deus — ele chama de “assedia”. Quer dizer exatamente inapetência, falta de gosto, de desejo das coisas.

São Francisco Solano recebeu essa graça quão rara e quão preciosa em nossos dias, de comunicar o gosto, a alegria pelas coisas santas. Hoje nós estamos numa época em que existe apenas a alegria das coisas do mundo. Ninguém tem alegria da virtude, alegria de estar servindo a Nosso Senhor. Ninguém tem esta alegria. São Francisco Solano foi chamado por Deus para comunicar essa alegria.

Não se trata de uma alegria tonta, de piada, de brincadeira. Trata-se de ser alegria sem fazer piada boba, sem fazer brincadeira, sem ser palhaço, sem ser chancharão. Trata-se de ter a alegria da seriedade, que é a mais nobre e a mais alta das alegrias. É disso que se trata.

Os Srs. verão São Francisco Solano dar o exemplo disso por toda parte. E fazer esse apostolado da alegria na luta, da alegria na seriedade, de alegria no sofrimento. Do entusiasmo.

* Extasiado, ele tocava violino, cantava e dançava diante do Santíssimo Sacramento e de Nossa Senhora.

Extasiado, ele tocava violino, cantava e dançava diante do Santíssimo Sacramento e de Nossa Senhora.

Os franciscanos, os Srs. sabem, são freqüentemente missionários. E então viajam de um lado para outro.

“Ele tomou o hábito, quando viajasse, de incluir na sua minúscula bagagem, junto com cilícios e disciplinas, um violino, que era o seu grande instrumento de apostolado.”

Exatamente essa justaposição me parece querer dizer bem tudo. O violino sem o cilício é o caminho aberto para a apostasia. O cilício sem o violino perde algumas de suas expressões. Porque o normal do cilício bem usado é dar alegria. Mais ou menos como o soldado que vai para a luta, ele vai alegre para a luta. Um saldado que vai: “Oh! Pátria, como me dói deixar-te… Oh! família querida, que mágoa… Oh! pobres membros que as balas podem estraçalhar… ” Chora e recua. Não vale dois caracóis. O bonito é o soldado que avança por cima do perigo e até por cima da morte, alegre no sacrifício e na dor.

Assim também é o religioso, assim também deve ser o membro da TFP: é a alegria de carregar as obrigações, a alegria de arcar eventualmente com sofrimentos, alegria de pertencer inteiramente a Nossa Senhora. Alegria de não ter nada e alegria, por causa disso, de ter tudo.

Violino e cilícios. A fórmula eu acho tão magnífica, que se poderia fazer dela um motivo de decoração, numa capela da TFP, lembrando esse apóstolo do continente onde existe o Brasil.

Bem, então vem explicando que a alegria dele era tão singular que, sempre que ele estava diante do Santíssimo Sacramento ou então quando ele via o Menino Jesus nos braços de Nossa Senhora, numa imagem, ele tinha tanta alegria diante do Santíssimo Sacramento, tanta alegria em ver o Menino Jesus tão bem alojado no braço de Nossa Senhora, que ele muitas vezes ia para o interior do Convento e chamava todos os Padres: “Padre, venha ver! O Sr. não se alegrou ainda? Olha aqui como o Menino Jesus está bem aqui com Nossa Senhora nesta imagem! Assim viveram na terra. Vamos nos alegrar!” etc.

E quando ele se tomava de muito entusiasmo, ele puxava o violino, tocava o violino, cantava e dançava diante da imagem, ou diante do Santíssimo Sacramento.

 
           

Os Srs. estão compreendendo que não se trata, de nenhum modo, desse saracoteio ignóbil e selvagem que hoje tem o nome de dança. Eram movimentos rítmicos de grande candura, de grande nobreza, de grande elevação, de grande pureza, evidentemente. Eram… assim como os sentimentos da alma podem se exprimir pelo ritmo da música, podem exprimir-se pelo do corpo também.

E antigamente havia danças diante do Santíssimo Sacramento. Eu não sei, mas eu creio que é na Catedral de Sevilha que ainda se fazem minuetos: os coroinhas dançam minueto diante do Santíssimo Sacramento. Eu acho isto um encanto!

Ele dança qualquer coisa de menos frívolo que o minueto, ele dançava diante do Santíssimo Sacramento. Os Srs. imaginem qual seria a nossa sensação entrando numa igreja de hoje e encontrando um santo em êxtase, tocando violino diante do Santíssimo Sacramento ou diante de uma imagem de Nossa Senhora, cantando, e em certo momento pondo-se a ritmar os seus movimentos. E de vez em quando parava, dançava e continuava a tocar o violino de novo. Ficaríamos extasiadíssimos, não é?!

Uma pergunta se poderia fazer e esta a mim me deixa perplexo. Creio que cada um dos Srs. responderá segundo o modo de sentir a respectiva cidade onde mora. Essas coisas encantavam os homens do tempo de São Francisco Solano, como os Srs. verão mais adiante, encantavam até os índios botocudos. Bem, encantariam o homem de hoje? e na Igreja de hoje, vendo essas cena, dariam risada, ficariam encantados ou passariam indiferentes?

Bem, é evidente que um pouco de cada haveria em todas as cidades. A pergunta é se haveria uma nota fortemente tônica e qual seria essa nota.

* Os contrastes harmônicos de uma grande alma

Depois ele vem explicando que ele era muito zeloso da sagrada liturgia.

“E que por causa disso, ele tinha um empenho enorme em que os frades todos aprendesse bem todas as rubricas da liturgia e o cantochão, para dar todo o esplendor possível aos santos mistérios.”

Isso é também bonito. Os Srs. verão daqui a pouco que ele tocava e cantava canções populares para agradar ao povo. Mas esses contrastes harmônicos me encantam! Para agradar ao povo, canta canções religiosas populares. Mas é um espírito elevadíssimo, que compreende a superior beleza da liturgia, todo o pensamento teológico, toda a piedade, todo o sobrenatural que há na liturgia e portanto, também, na arte litúrgica, na música litúrgica, tudo o mais. E que exige esse esplendor para a Liturgia. Quer dizer, o espírito dele é enorme. Abarca os dois extremos.

Isto é o que eu gosto de ver: almas largas, abertas, capazes de se entusiasmar pelos opostos não contraditórios, mas extremos. Isto é que é categoria! Assim era São Francisco Solano.

“Muitas vezes acontecia que ele saía pelas ruas na Espanha tocando violino e as crianças…”

O intuito dele era pegar o que hoje chamaríamos o centro decisivo. Mas ele andava pela cidade tocando violino e a criançada saía correndo atrás dele para ver, porque se interessava. Aí ele parava e dava um cursozinho de Religião para os meninos. A gente pode imaginar que curso gracioso, interessante, não é?

Como enchia de criançada, os mais velhos iam assistir. Quando ele percebia que os mais velhos estavam bem empenhados em assistir o curso também, ele transformava o curso de catecismo em sermão para os mais velhos. E aí exprobrava, increpava nos mais velhos os maus costumes, os maus hábitos, etc. Incutia uma virtude tal que os mais velhos ficavam presos.

Quer dizer, através dos meninos, ele formava pela candura dos inocentes, ele formava uma roda: o menino ia ver o frade, o homem ia ver o menino e o frade falava para o homem. Era um circuito perfeito. E aí ele caía em cima dos hábitos renascentistas que se espalhavam naquele tempo, etc. Um apóstolo, como os Srs. estão vendo, exímio!

* Apóstolo na América, ele viajou a pé do Panamá a Tucumán

Os seus superiores resolveram mandá-lo, a pedido dele, para a América, porque ele estava se tornando muito célebre na Espanha e preferiu então vir para a América. E aí ele começou a percorrer a América espanhola a pé, e por causa disso ele estava no Panamá, Colômbia, Paraguai e Bolívia.”

Isto é muito fácil dizer, não é? Num avião isso se percorre, não é? Os Srs. podem imaginar a pé? Depois, os rios daquele tempo– os Srs. diriam: são os mesmos de hoje… — é, mas as embarcações não são, não é? E nas estradas daquele tempo, quando havia estradas.. Com uma topografia torturada pelos Andes, subindo e descendo, escorregando etc. Está bem. O homem foi até o Paraguai, chegou a descer até a Argentina e fazer apostolado em Tucumán!

O trajeto Panamá-Tucumán é próprio de um bandeirante. Se fosse um bandeirante leigo, com certeza se falaria muito dele. Aqui está um que fez isso por amor a Nosso Senhor e provavelmente se fala menos dele do que dos bandeirantes.

“Ele fixou boa parte da vida dele em Lima, então chamada a cidade dos Santos Reis, onde florescia a Ordem franciscana com 180 membros que, naquele tempo, eram tão ilustres pela sua virtude, que tornava Lima famosa nos ambientes franciscanos da Europa, por causa da santidade que florescia lá.

* No tempo em que ele morou em Lima, era Arcebispo São Turíbio de Mongrovejo e começava a sua carreira de santidade Santa Rosa de Lima”

“No tempo em que ele morou em Lima, era Arcebispo de Lima São Turíbio de Mongrovejo e começava a sua carreira de santidade Santa Rosa de Lima.”

Os Srs. estão vendo o que é que a América do Sul podia ter sido! Porque quando este é o ponto de partida, qual deveria ser o ponto de chegada?

Vale a pena os Srs. lerem um dia um livro que tem na nossa biblioteca, de um Altenfelder — não me lembro o primeiro nome — “Brasileiros heróis da Fé”. Eu já fiz um Santo do Dia a respeito de alguns deles, heróis da guerra holandesa. Eram homens na força do termo! Católicos de verdade! Onde é que isso foi parar? Onde é que foi parar a glória de Dom Vital Maria Gonçalves de Oliveira? Onde foi parar tudo isso? Qual é o ponto de chegada daquele ponto de partida?

“Depois de uma estadia em Lima, onde suas virtudes foram granjeando estima e cargos, ele mais uma vez fugiu.”

É o contrário do político contemporâneo, não é? São Bernardo dizia que a glória é assim, é como sombra: quando a gente foge dela, ela corre atrás; quando a gente corre atrás dela, ele foge…

E então a ficha explica que ele chegou até Tucumán, no norte da Argentina. Na região de Tucumán ele procurou aproximação com os índios mais temíveis.

“Certo dia ele estava já cansado, andando em plena floresta, e sentindo-se vigiado de longe.”

Quer dizer, os índios fazem muito isso. Eles desconfiam de uma pessoa, um branco e tudo mais, eles iam de longe vigiando para ver onde a pessoa ia. Em certo momento matavam. Agora os Srs. vejam a cena, é super “fioretti”! Daria uma iluminura medieval. Mas não há mais nem Idade Média, nem os homens capazes de fazer iluminuras, nem os homens capazes de se encantar com iluminuras… Falta tudo. Falta sobretudo São Francisco Solano e os congêneres, não é?

Bem, então ele conta que o Santo estava muito cansado de andar e, embora se estivesse sentindo observado, quando ele parou perto de uma fonte, ele estava com sede, curvou-se para beber.

A cena já é linda, não é? Uma floresta virgem, um frade franciscano com aquele burel, que pára e ajoelha junto a uma fonte borbulhante e bebe aquela água. Se persigna, bebe a água e depois então ele sentou-se e ficou descansando um pouco.

Enquanto ele descansava, ele viu o canto de passarinhos em grande número na floresta, e o murmúrio da água. E como ele tinha um gênio altamente musical, ele resolveu então acompanhar com o violino o murmúrio — quer dizer, ele compôs — o murmúrio das águas e o canto dos passarinhos.

* Um “fioreti” em plena floresta

Os Srs. vejam a consciência tranqüila, hein? Ele sabia que ele podia morrer naquela composição, mas ele sabia que ele iria para o Céu. Ele iria para ao Céu tocando música. Os anjos se encantariam com isso.

Quando ele estava tocando a música… Quem de nós não teria um empenho enorme em conhecer a música com que ele acompanhou o gorjeio dos passarinhos e o murmúrio das fontes? Aí ele sente uma seta que passa perto da orelha dele e vai se cravar numa árvore. Era aviso que eles davam. Porque eles são de uma pontaria certíssima. Eles faziam assim para o sujeito entender o que ia acontecer…

Ele continuou. Aí ele vê um carão emergir do meio da vegetação. Era um índio. Ele foi ver, era o cacique da tribo feroz que ele procurava. Ele deixou o violino e todo irradiante de amor de Deus, ele foi ao índio para abraçá-lo.

Os Srs. pensam que fosse aí o martírio, não é? O índio se comoveu. O índio se comoveu, deixou-se tocar, levou-o para a tribo e ele começou a evangelizar a tribo. E começou assim a evangelização dessa nação índia.

Os Srs. não acham uma verdadeira beleza isso? A meu ver é um super “fioretti”! São Francisco de Assis com que termos cantaria o irmão, Francisco como ele, que converteu assim uma nação infiel!

Bem, mas restava conversar. Como falar com aqueles índios? Ele começou a falar castelhano. E se deu simplesmente conta que o dom das línguas tinha entrado nele e que os índios entendiam o castelhano que ele falava! Com toda simplicidade. Assim se faz apostolado, Srs. Assim se faz apostolado. O que mais?

“Durante 13 anos ele esteve nessa região, empregando todos os recursos para apaziguar brancos e índios, resolver dissensões, cativar uns e outros para a Religião. São Francisco Solano, êmulo de São Francisco Xavier, ressuscitou mortos, curou doenças mortais, amansou feras bravias, ressurgiu fontes em lugares áridos, de tal maneira que era veneradíssimo pelos brancos e índios com quem tinha contato.”

* Homem que ressuscita mortos, que fala e os outros entendem em outra língua, que tem uma história dessas: assim se funda uma nação.

É um fundador de uma nação. Esse são homens que fundam nações. Assim nasce uma nação. Homem que ressuscita mortos, que fala e os outros entendem em outra língua, que tem uma história dessas: assim se funda uma nação.

Quantas coisas bonitas haveria para contar assim de Anchieta também. Neste sentido, o fundador do Brasil. Mas é o que eu digo, meus caros — digo da Argentina, como dizia há pouco do Peru, digo do Brasil, digo de toda a América Latina — o ponto de partida foi muito bonito. Como está sendo o ponto de chegada?

“Certa vez, quando uma nuvem de gafanhotos devastava uma plantação dos índios, o santo ordenou-lhes que se dirigissem a uma floresta vizinha”.

Assim com essa simplicidade: “Vão embora, vão pra a floresta”… Eles foram.

“Então os colonos perguntaram por que ele de uma vez não exterminava os gafanhotos. Então ele deu duas razões. A primeira razão a seguinte: é que gafanhotos daquele gênero tinham servido de alimento a São João Batista no deserto. Então, por amor a São João Batista, ele não mandava exterminar os gafanhotos.

“Em segundo lugar, porque também os índios comiam gafanhotos. E era bom que os irmãos índios não ficassem privados dessa alimentação.”

Eu acho isso um encanto!

“Esse homem tão extraordinariamente suave, era imensamente austero”.

Eu falei dos violinos, deixem eu falar dos cilícios.

“Ele não só era casto, diz o biógrafo, mas era a única virtude que ele timbrava em que vissem que ele tinha”.

O que é altamente bem pensado, porque é a única virtude que não se esconde. A gente tem que mostrar. Por causa disso, ele nunca permitiu que mulher alguma chegasse a cem passos de distância de sua morada, em todo o círculo em volta.

Devia ser uma choupaninha, os Srs. podem imaginar o que é que seria. Mulher alguma podia chegar perto. Comparem isso com [os costumes] de hoje. Como é que está esse ponto de chegada? Os Srs. percebem a decadência? Os Srs. percebem a necessidade de lutar?

* Se a TFP e muitas almas reagirem, a reação será mais bela do que a queda e afinal o ponto de chegada terá sido tão ou mais belo do que o ponto de partida

É ou não é verdade, meus caros, que se a TFP e muitas almas com a TFP reagirem, a reação será mais bela do que a queda e afinal o ponto de chegada terá sido tão ou mais belo do que o ponto de partida?

Os Srs. compreendem a responsabilidade individual de cada um de nós? De que História nós somos a continuação? Que promessas estão em nossas mãos? E também que desilusões podem cair sob nossa responsabilidade, se nós não correspondermos à graça?

Aqui é uma tarefa individual! Porque do bom procedimento e da dedicação de cada um de nós pode decorrer uma notável melhora ou piora em todo o conjunto. E isto vale para a TFP inteira, desde o Bureau de Paris, passando pela Espanha, por Portugal, pelo Canadá, pelos EUA, até o sul do nosso Continente, até a Argentina, até o extremo sul do Chile. Isto é assim. Nós devemos pensar bem nisso.

“Depois de morto, tendo-se procurado certificar do rejuvenescimento que apresentava seu corpo, tão maltratado durante a vida pelos jejuns e penitências, um médico primeiro apalpou-lhe os pés e as mãos. Quando tentou apalpar-lhe uma das pernas, o santo encolheu-a, dobrando o joelho. E é assim que ele é representado no retrato que foi feito dele no dia seguinte do seu enterro.”

Quer dizer, foi mais um milagre que ele fez. O próprio cadáver se encolheu, para mostrar a presença da graça, a presença de Deus. Pela ação da graça ali, ele encolheu a perna para mostrar quanto Deus o tinha amado em vida, que lhe dava a possibilidade de fazer esse prodígio. Ele não se auto-ressuscitou, mas o cadáver se moveu. Aquele que tinha ressuscitado tanta gente, dava essa manifestação de vida.

“Quando podia, mandava construir uma choupana ao lado do coro na Igreja, para ter sempre a presença do Santíssimo. Quando não conseguia, levava ao coro uma esteira e deitava-se no próprio coro, (o coro quer dizer a capela-mór, como se chama hoje) onde, depois de alguns momentos de descanso, inflamava-se de amor de Deus que traduzia nos famosos cânticos e danças acompanhadas de violino.

“Estando para morrer, no último momento, para traduzir o seu amor e reconhecimento para com a Santíssima Virgem, pediu que lhe cantassem o Magnificat.

É sempre na alegria, não é?

“Lembrando-se em seguida que era missionário, isto é, propagador da Fé, pediu que lhe cantassem também o Credo. E às palavras “Et incarnatus est de Spiritu Sancto ex Maria Virgem”, expirou precisamente naquele momento, quando os sinos do convento anunciavam o momento da Elevação na Missa conventual.

Tudo ao mesmo tempo. Não podia ser mais bonito, não é?

Quer dizer, no convento na hora da Elevação se tocava o sino, na cela dele rezavam o Credo, cantavam o Credo, quando chegou nas palavras que acabo de citar, por coincidência fazia-se a Elevação, os sinos tocavam e a santa alma de São Francisco Solano subia ao Céu. Isto é morrer, não é? Ou por outra, isto é nascer!

“O vice-rei, estando ausente da cidade, mandou que se adiasse o enterro para poder estar presente. E tanto o Arcebispo quando o Vice-rei entraram no cortejo para oscular humildemente os pés do santo.

“Tendo o Vice-rei visto que a almofada que sustentava o cabeça do santo no caixão era de um tecido muito ordinário, ou pelo menos alegando isto, fê-la trocar pela de veludo bordada a ouro que tinha consigo. A outra, levou-a como relíquia.”

“São Francisco Solano foi beatificado em 1675 e canonizado em 1726. Mesmo antes de sua beatificação, já fora escolhido como Patrono pelas cidades de Lima, Buenos Aires, Cartagena na Colômbia, Panamá e Santiago do Chile.”