Tríduo Pascal – a nossa Páscoa – Sábado Santo

Sábado Santo

A Vigília Pascal, “mãe de todas as santas vigílias”, celebrada no Sábado Santo, deve realizar-se à noite, de tal modo que comece depois do anoitecer ou termine antes da aurora do domingo. É a celebração mais importante do ano litúrgico. Nela se comemora a Ressurreição de Jesus, com os sinais do fogo, da palavra, da água, do pão e do vinho.

A Ressurreição é um acontecimento que está no centro da experiência religiosa que Jesus Cristo fez de Deus. Ela, o cume do caminho feito por Jesus Cristo, é o mistério da fé cristã: sua Encarnação (o divino humanizado e o humano divinizado), sua Vida (seus gestos e palavras), sua Paixão (tudo aquilo que diz respeito a seu sofrimento) e sua Crucifixão (morte violenta na cruz). Com a Ressurreição, esses mistérios se esclarecem, e os seguidores de Jesus Cristo descobrem quem ele é, qual é sua missão e qual é seu futuro.

A Ressurreição ilumina e dá sentido ao presente, pois a luz do Ressuscitado dissipa as dúvidas e incertezas da morte e a sensação de que tudo está perdido, ou de que a Crucifixão foi o fim de tudo. Mas a Ressurreição projeta luz também sobre o futuro, pois o Ressuscitado inaugura um tempo novo de esperança, em um mundo mais de acordo com os desígnios de Deus Pai.

“A Ressurreição constitui antes de mais nasa a confirmação de tudo o que o próprio Cristo fez e ensinou”. Ao ressuscitar, Cristo deu a prova definitiva, que havia prometido, de sua autoridade divina. A Ressurreição do Crucificado demonstou que ele era verdadeiramente o Filho de Deus e Deus mesmo (EU SOU).

Há um duplo aspecto no Mistério Pascal: por sua Morte Jesus nos liberta do pecado, por sua Ressurreição ele nos abre as portas de uma nova vida. Essa é primeiramente a justificação que nos restitui a graça de Deus, ‘a fim de que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós vivamos vida nova’ (Rm 6,4). Esta consiste na vitória sobre a morte do pecado e na nova participação na graça.

O próprio Cristo ressuscitado é princípio e fonte de nossa Ressurreição futura: ‘Cristo ressuscitou dos mortos, primícias dos que adormecem […]; assim como todos morreram em Adão, em Cristo todos receberão a vida’ (1Cor 15,20-22). Na expectativa dessa realização, Cristo ressuscitado vive no coração de seus fiéis. Nele, os cristãos ‘experimentaram […] as forças do mundo que á de vir’ (Hb 6,5) e suas vidas são atraídas por Cristo  ao seio da vida divina, ‘a fim de que não vivam mais para si mesmos, mas aquele que morreu e ressiscitou por eles (2Cor 5,19)” (cf. Catecismo da Igreja Católica, nn. 651-655).

Celebração da Luz

A celebração começa com a benção do fogo nova fora da igreja. A comunidade se reúne em redor da fogueira, sinal de Jesus, nossa luz. O comentário antes da bênção do fogo bem expressa o sentido do rito: “Nesta noite santa, em que Nosso Senhor Jesus Cristo passou da morte à Vida , a Igreja  convida os seus filhos dispersos por toda a terra a se reunirem em vigília e oração. Se comemorarmos a Páscoa do Senhor ouvindo sua palavra e celebrando seus mistérios, podemos ter a firme esperança de participar do seu triunfo sobre a morte e de sua vida em Deus.”

Cristo é a luz do mundo. Por isto, é aceso o grande círio pascal, e nele são colocados os cinco grãos de incenso lembrando as cinco chagas do cruxificado. Nele está gravado o ano em curso em que a Páscoa é rememorada  como salvação atual para todos os que creem. Aquele que preside acende o círio na fogueira e depois toda a assembleia acende suas velas no círio. Ele canta: “A luz de Cristo”. A luz entra vitoriosa na igreja ainda às escuras, depois se entoa a proclamação da Páscoa, e todas as luzes são acesas, pois Cristo, nossa luz, venceu as trevas da morte com seu sacrifício na cruz.

Liturgia da Palavra

Propõem-se sete leituras do Primeiro Testamento, que recordam as maravilhas de Deus na história da salvação, e duas do Segundo Testamento, a saber, a leitura de Paulo aos Romanos sobre o Batismo cristão como sacramento da Ressurreição de Cristo e o anúncio da Ressurreição no Evangelho de João. Por razões pastorais, podem-se reduzir a três as leituras do Primeiro Testamento, tendo-se, porém, em conta que a leitura da Palavra de Deus é o principal elemento desta Vigília. A leitura da travessia do Mar Vermelho (cf. Ex 14) nunca pode ser omitida.

A ordem das leituras reproduz o dinamismo da mesma revelação: começa com a criação e continua com o sacrifício de Isaac e com a passagem do Mar Vermelho; daqui se passa aos profetas, que exortam à fidelidade da Aliança e anunciam a Nova Aliança. Assim revelam o pensamento de Deus sobre a salvação histórica da Páscoa antiga e nova. A liturgia da Vigília ressalta a passagem das leituras do Antigo Testamento para as do Novo: para significar este trânsito, antes da proclamação da Carta aos Romanos, acendem-se as velas do altar, entoa-se o Glória, tocam-se os sinos. Antes do Evangelho, entoa-se solenemente o Aleluia.

Liturgia Batismal

Nesta Vigília é preparada a água batismal, pois celebramos a iniciação cristã dos adultos nesta noite. É cantada a ladainha de todos os santos. Estes são exemplos de vida cristã e intercedem junto a Deus por nós e pelos eleitos, a fim de que tenhamos força para viver nosso Batismo. Depois, os eleitos adultos são batizados e confirmados. Também os fiéis renovam seus compromissos batismais e são aspergidos com água.

Liturgia Eucarística

Os adultos que foram batizados apresentam as oferendas e recebem a Eucaristia pela primeira vez. O crucificado ressuscitou e passou a ser uma presença sacramentalmente viva na comunidade por meio da Eucaristia, que é o cume desta celebração. Tudo converge para ela e só ela a contém inteiramente. A nova Páscoa é eucarística. Esta noite é por excelência a noite do sacramento pascal. A Eucaristia é o memorial da Páscoa de Cristo e a antecipação daquela do céu. Por ela a Igreja participa da novidade pascal de Jesus ressuscitado.

 


Tríduo Pascal – a nossa Páscoa

Paulinas