Vem e Segue-Me! – Dom Sergio

Dom Sergio da Rocha*

Estamos vivendo este tempo especial de graça de Deus, que é o Ano da Fé, em comunhão com o Santo Padre e os Bispos que participam do Sínodo sobre a Nova Evangelização para a transmissão da fé, iniciado no Vaticano, no último domingo, 07 de outubro. Neste Mês Missionário, a Igreja nos recorda que somos todos missionários, cada um segundo a vocação recebida. Por isso, devemos compartilhar o dom da fé em Cristo, sendo “sal da terra” e “luz do mundo”.
O Evangelho hoje proclamado nos apresenta uma pergunta que continua a ecoar ao longo dos séculos: “que devo fazer para ganhar a vida eterna?” (Mc 10,17). A resposta de Jesus pode ser resumida na expressão “Vem e segue-me” (Mc 10,21). Em Jesus Cristo, o discípulo encontra o Caminho, a Verdade e a Vida. Ao responder a pergunta daquele homem, Jesus “olhou para ele com amor”, propondo duas atitudes fundamentais: a vivência dos mandamentos e a partilha das riquezas para obter um tesouro no céu. O apego às riquezas torna difícil entrar no reino de Deus, através do seguimento de Jesus. O discípulo não conseguirá trilhar o caminho carregado de bens materiais. Na primeira leitura, o Livro da Sabedoria nos recorda o valor maior a ser cultivado que é a “sabedoria” e não o poder e as riquezas.
O diálogo entre Pedro e Jesus ilumina a questão do desapego a ser cultivado pelo discípulo. Enquanto Pedro fala em “deixar e seguir” (Mc 10,28), Jesus se refere a “deixar e receber” (Mc 10,29-30). A visão de Pedro a respeito parece negativa, acentuando aquilo que se deixa para seguir Jesus. A resposta de Jesus a Pedro se refere ao muito que o discípulo recebe, “cem vezes mais”, já na vida presente, e no futuro, a vida eterna. Contudo, a vida do discípulo nunca será fácil, cômoda. Jesus menciona também as “perseguições”, que se tornam um critério fundamental para definir um verdadeiro discípulo de Cristo. Vivemos numa época em que surgem novas formas de perseguição aos discípulos de Cristo, exigindo fidelidade e perseverança.
A Carta aos Hebreus proclama que a “a Palavra de Deus é viva e eficaz”. Sua força criadora, renovadora, é experimentada por aqueles que a acolhem e testemunham, fazendo-se discípulos-missionários do Senhor. Para ser missionário, é preciso ter sempre “coração de discípulo”, que se coloca continuamente à escuta do Senhor. Para ser discípulo–missionário de Jesus Cristo, necessitamos ter a Bíblia nas mãos, a Palavra de Deus no coração e os pés na missão! Assim sendo, o mês da Bíblia se prolonga e se completa no Mês Missionário!
*Arcebispo Metropolitano de Brasília