Viva o 12º Encontro Intereclesial das CEBs!

Carlo Tursi

As Comunidades Eclesiais de Base representam, no atual cenário católico, aquela pequena, porém valente parte da Igreja que se tornou presente na base do Povo de Deus, ou – como o papa João XXIII costumava dizer – a “Igreja dos pobres”. No mês corrente está para se realizar, entre os dias 21 e 25, o 12º Encontro Intereclesial das CEBs na cidade de Porto Velho (Rondônia), para onde estão rumando, neste instante, dois ônibus cheios de delegados das nossas comunidades cearenses. Passarão quatro dias na estrada! E como estas comunidades, na sua grande maioria, faveladas, tiveram que “se virar” nos últimos meses para poderem mandar seus representantes para um destino tão distante! Mas quem acredita, sempre alcança, não é mesmo?!

A grande temática a ser trabalhada lá, no coração da Amazônia, é “CEBs – Ecologia e Missão”. Pois, as Comunidades de Base são uma das (hoje) poucas forças vivas na Igreja que, ao invés de girarem em torno do próprio “umbigo” eclesial, preferem enfrentam os grandes problemas da realidade social brasileira, querendo contribuir para a sua superação. Para isso, tiveram que se capacitar: Em um grande seminário de preparação, realizado em Fortaleza, os delegados cearenses estudaram o texto-base para o Encontro, com o título “Do Ventre da Terra, o Grito que vem da Amazônia”, ajudados pelo assessor Pe. Luiz Ceppi. O livro está organizado segundo a metodologia já consagrada: VER – a realidade gritante do desmatamento, da grilagem de terra, da invasão estrangeira, da ameaça aos povos nativos da floresta; JULGAR – ler os acontecimentos alarmantes a partir da ótica do Evangelho, com textos de grandes teólogos renomados como Leonardo Boff, Marcelo Barros e Faustino Teixeira; e AGIR – modelos e experiências de missão evangelizadora libertadora na região amazônica.

A extensa programação em Porto Velho incluirá, além de celebrações eucarísticas, conferências temáticas, momentos culturais, gestos proféticos, também visitas a áreas de grande carência social (“Quem conhece, ama!”): às populações indígenas, às comunidades extrativistas, às comunidades ribeirinhas, às casas de detenção, a hospitais. A espiritualidade “encarnada” do Encontro está bem expressa nas palavras do bispo-assessor Dom Moacyr Grecchi: “Salvar a Terra, cuidar da humanidade e garantir o futuro da vida cristã – é urgente uma ética da compaixão, no sentido budista e também cristão, da palavra. Quer dizer, diante da humanidade sofredora e da natureza devastada munir-se de empatia, fazer-se bom samaritano, aliviar a dor e, se possível, impedir que se reproduza. Além disso, faz-se urgente uma ética da responsabilidade pelo futuro da humanidade e da Terra. Responsabilidade é controle das conseqüências de nossos atos para que sejam de precaução e de proteção e não de destruição. Por fim, uma ética da solidariedade de todos com todos, pois, todos somos interdependentes uns dos outros e juntos devemos construir o futuro comum que inclua a todos, a começar pelos mais fracos” (Jornal “A Caminho”, nº 10, junho de 2009).

Que Deus derrame sua Luz sobre este grande encontro de cristãos combativos e em seus corações acenda o fogo do Seu Amor por um mundo melhor! Amém! Axé! Aleluia!