Curar-nos da cegueira

 José Antonio Pagola

Que podemos fazer quando a fé vai se apagando em nosso coração? É possível reagir? Podemos sair da indiferença? Marcos narra a cura do cego Bartimeu para animar seus leitores a viver um processo que possa mudar suas vidas.

Não é difícil reconhecer-nos na figura de Bartimeu. Nós vivemos às vezes como “cegos”, sem o-lhos para olhar a vida como Jesus a olhava. “Assentados”, instalados em uma religião convencio-nal, sem força para seguir seus passos. Descaminhados, “na beira do caminho” que leva a Jesus, sem ser Ele o guia das nossas comunidades cristas.

Que podemos fazer? Apesar da sua cegueira, Bartimeu “fica sabendo” de que Jesus está passan-do pela sua vida,. Não pode deixar escapar essa ocasião e começa a gritar uma e outra vez: “tem compaixão de mim!”. Esta é sempre a primeira coisa: se abrir para qualquer chamada ou experi-ência que nos convida a curar nossa vida.

O cego não sabe rezar orações feitas por outros. Ele só sabe gritar e pedir compaixão porque se sente mal. Este grito humilde e sincero, repetido do fundo do coração, pode ser para nós o começo de uma vida nova. Jesus não passará sem se deter.

O cego continua no chão, longe de Jesus, mas escuta atentamente o que lhe dizem os seus envi-ados: “Tem bom ânimo; levanta-te, ele te chama!. No primeiro lugar, ele se deixa animar abrindo uma pequena brecha à esperança. Depois, escuta a chamada para se levantar e reagir. Finalmen-te, já não se sente mais sozinho: Jesus está chamando-o. Isto muda tudo.

Bartimeu faz três passos que vão mudar sua vida. “Lança de si a capa” porque o incomoda para se encontrar com Jesus. Logo, embora ainda continue se locomovendo entre trevas, “levantou-se de um salto” decidido. Desta forma “aproxima-se” a Jesus. É o que muitos de nós precisamos: liberar-nos das ataduras que afogam nossa fé; tomar, finalmente, uma decisão sem deixá-la para depois; e nos colocar na frente de Jesus com confiança simples e nova.

Quando Jesus lhe pergunta o que é o que ele quer Dele, o cego não duvida. Ele sabe muito bem do que precisa: “Mestre, que eu torne a ver”. É o mais importante. Quando a gente começa a ver as coisas de maneira nova, a nossa vida transforma-se. Quando uma comunidade recebe a luz de Jesus, converte-se.

Fonte: Eclesalia Informativo