Leproso e Santo

D. Benedicto de Ulhôa Vieira

No dia 11 de outubro p.p., o Papa Bento XVI, no exercício de sua autoridade primacial na Igreja, teve a alegria de declarar santo o Padre Damião de Molokai. Este novo santo foi heroicamente dedicado aos hansenianos na ilha de Molokai. Seus restos mortais, que repousavam em Kalawao, foram transferidos em 1.936 para a Bélgica, terra natal deste heróico sacerdote.

Molokai é uma ilha do Havaí, onde – ao norte – existe uma colônia de leprosos. Foi aí que, por iniciativa pessoal e com licença da autoridade eclesiástica, se estabeleceu o Padre Damião de Veuster numa aventura de coragem e heroísmo, tornando-se assim o mártir da caridade a serviço dos doentes de lepra, doença que ele mesmo contraiu e foi causa de sua morte. Viveu só 49 anos, dos quais 25 como sacerdote.

A Igreja, para canonizar um servo de Deus, declarando-o santo, além de examinar-lhe a vida, o heroísmo e as virtudes, exige a prova divina de um verdadeiro milagre.

No caso do novo Santo, aprovou-se a cura de um câncer em uma senhora de Honolulu. O nome dela: Andrey Teguihi, professora aposentada de 69 anos, hoje com perfeita saúde.

O boletim informativo da Província da Congregação a que o novo Santo pertencia, relata a doença da miraculada senhora: “liposarcoma” com metástase nos pulmões. As orações ao padre Damião com visita a seu memorial conseguiram de Deus o milagre. Os médicos atestaram a cura completa, que, sob o ponto de vista da ciência, não têm explicação. Foi este o fato miraculoso atribuído à intercessão do Beato Damião, que o Papa aprovou e o Superior Geral da Congregação do novo Santo teve a alegria de anunciar.

O que impressiona nesta breve vida de São Damião é a caridade extrema de, no explendor dos seus 34 anos, oferecer-se para substituir o sacerdote que iria para Havaí e por doença não pode partir. Só mesmo o amor em grau altíssimo pode explicar a generosa oferta desta extraordinária vida de um jovem religioso a doar-se aos leprosos de Molokai.

O cardeal arcebispo de Malines – Bruxelas, agradecendo ao Papa Bento XVI esta canonização do sacerdote belga – Beato Damião – pede ao novo Santo sua valiosa intercessão pelos novos “leprosos” da vida moderna: “os homens e as mulheres sem refúgio, sem documentos, sem emprego, sem terra, sem esperança”

De São Damião de Molokai, apóstolo dos leprosos, se pode dizer, sem medo de exagerar: “Amou-os até o extremo”.